domingo, 31 de julho de 2011

o mundo anda tão complicado

e como foi difícil viver tudo sem que houvesse uma linha onde eu pudesse derramar palavras. cada caixa desfeita trazia em si coisas a se experimentar novamente, lembranças esquecidas e misturadas e muito do que deixar partir.
acredito que se livrar de certas coisas é simplesmente deixá-las ir, deixar que sejam de outros, que encontrem novas possibilidades, outras mãos.  a boneca que não tem mais conserto (não pensei que seria tão triste me livrar dela), um tanto de gibis, alguns livros, escritos, desenhos, casquinhas de chocolates experimentados à duas bocas, roupas com significado. um tanto de mim que se foi pra que eu pudesse seguir a acumular coisas novas: desejos, vontades, lugares, canções.
não deixei que fossem os livros que nunca li. com esses tenho uma obrigação moral de dar-lhes uma chance de me surpreender, o que é também me dar uma chance de aprender com eles.

e não é só: são os paninhos que eu espalho, são as cores que vão enchendo as paredes, são os pés que todas as noites se enroscam nos meus e os abraços que nunca me faltam quando fica tudo assim... tão complicado.

há momentos em que o passarinho assustado que mora no meu peito treme e eu penso que há nele um certo medo. mas todos os dias quano amanhece ele me acorda cantando...

pra ouvir: tendo a lua - paralamas do sucesso