terça-feira, 10 de agosto de 2010

pôr-de-sol

já passa da hora que ainda não chegou. mastigo um chiclete sem gosto, só borracha. o silêncio grita porque mais uma vez eu desisti. ou nem foi uma desistência, apenas a opção consciente de ficar. não que falte chance ou momento ou disposição para um possível correr atrás do prejuízo, tem aquelas horas que não dá pra adiar. em nós sempre sobra tempo pra mais um beijo, um abraço, um sorriso. ou os três juntos, o que é ainda melhor.

o dia também vai perdendo o gosto e vai ganhando saudades. uma saudades daquelas quente, cor-de-laranja, que arde sem queimar. e quando as cores se vão, quando anoitece ainda é só você.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

lá longe tem o coração de mais alguém

eu olhava mas não via, eu ouvia mas não escutava, eu me irritava com o exterior que me fazia abandonar meu pensamentos e retornar à realidade tão cheia de estímulos visuais e auditivos que não me deixavam sentir aquele calor breve que cada lembrança traz. enquanto a minha memória tentava inutilmente isolar os momentos de seus contextos, e quanto mais eu relembrava, mais distantes eles se tornavam e por vezes eu duvidei que eles de fato tivessem acontecido ou eram frutos da minha mente confusa.

não, não são frutos da minha mente: são invensões de um ser que habita a minha cabeça. de um deles porque aqui dentro mora muita gente.

o tempo ou o acaso não costumam favorecer encontros. embora encontros possam acontecer assim, como que por vontade própria. mas normalmente eles necessitam do que a gente conhece por disposição. eu aprendi a lidar com distâncias e com ausências irremediáveis. todo momento tem uma canção, toda canção lembra um momento. há momentos em que caberia todas as canções do mundo. há canções em que cabem todos os momentos. mas o fato é que qualquer lembrança, vivida ou inventada não mais vai me doer, não me machuca mais, porque a vida segue e ela não gosta de me esperar.

os ponteiros nunca mais mudaram de direção. é porque o tempo encontrou seu caminho. e de alguma forma eu também encontrei o meu. eu sei por qual caminho quero ir e onde ele possivelmente me levará.

há coisas que cruzam meu caminho. mesmo vivendo-as nem todas fazem parte da minha história. nem todas eu quero que vire passarinho ou que construa ninho no meu peito. e se meu coração fosse gaiola, a portinha nunca ficaria trancada e meus passarinhos voariam todos quando quisessem e pra onde quisessem. estariam sempre livres... principalmente de mim.