segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ali onde plantamos o amor cresceu uma linda árvore com galhos pesados e de sombra aconchegante mas que nunca deu frutos. não nos demos conta, nunca percebemos: o problema estava nas raízes.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

onde se esconde o eu que idealizei? como afinal eu gostaria de ser? pouco me importa, existe aqui alguém que sou. e existem coisas que faço, meu comportamento, minha conduta. uma delas é incapaz de me definir porque sou todas, sou um conjunto de coisas com as quais devo ser consequente e por me importar tanto com as consequências e talvez por um pouco de orgulho (muito embora vagabundo) sinto que sou incapaz de viver a me desculpar. não desperdiço perdões pra amenizar a minha culpa, antes internalizo, penso a respeito, mastigo duas ou três pedras, depois vomito. não é muito virtuoso, mas cada um possui suas limitações. essa é a minha, para além disso posso oferecer é o meu descontrole e algumas vezes os meus ouvidos. se eu tivesse algum talento pro rock talvez eu pudesse mostrar os peitos ou o pau que eu não tenho, mas além de não possuir nenhum atributo especial (sim, não passamos de um monte de gente comum) eu reconheço meu cretino moralismo cristão. reconhecer não é pedir desculpas, mas já me basta. expectativas, ainda as tenho. sou jovem demais pra ser apenas uma desiludida com a vida. tento manter meu espírito, mas na realidade eu vou apenas seguindo, apreciando encontros, oferecendo algumas coisas belas e outras simplesmente horríveis. equilíbrio nunca tive, o que pressupõe também a ausência de controle. não é bonito e ainda que fosse não tenho do que me vangloriar, não acho que meu alimento, minhas transas, minhas roupas, minha casa, meus delírios são suficientemente importantes ou agreguem qualquer relevância para mundo ao ponto de torná-los público esperando do mundo alguma atenção, algum aplauso. me sinto cercada de adoráveis idiotas. não tenho amor pelo mundo, espero preservar alguma essência e quem sabe algum afeto nas pessoas. espero ainda chegar ao fim da estrada acompanhada da minha solidão, pois só ela contém tudo de mim.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

aos que amo guardo um pouco do pior de mim.

domingo, 18 de novembro de 2012

as cartas ainda escrevo de coração.

sábado, 17 de novembro de 2012

é saturno voltando...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

(des)encontros

(...) passou a marcar encontros imaginários. esteve pontualmente em todos eles.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

um velho já dizia: a velhice é uma incógnita.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

a coisa mais bonita que eu já ouvi:

"quando um vacilar o outro segura a onda. sempre assim, um cuidando do outro."

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

do nosso amor...

não foi contigo que aprendi que não se joga nas costas de outro expectativas pessoais, mas é ao seu lado que eu sinto o quão bonito é ser sincero e consequente com as próprias escolhas.
não são as circunstâncias que determinam o amor.
contigo eu aprendi que não se constrói uma história semeando ilusões, comparações e remoendo o passado. o que é nosso se constitui do que somos agora e do que acumulamos. 
gosto dessa sua maturidade, desse seu jeito de me ensinar, me afagar e me dispor gentilezas sempre honestas, simples e discretas. você me ensinou que o amor não vive de proclamações, declamações e repetições. o amor só vive se for vivido. o amor não se contenta com amostras, por mais belas que se mostrem.
a gente é que sabe. eu sei, você sabe. já se vão mais de mil dias e esse amor ainda tá nascendo porque cada dia descobrimos, mudamos, buscamos juntos o que queremos dividir. não precisamos nos completar porque somos dois inteiros e não partes. simplesmente estamos juntos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

vamos de canção

vamos andar
pelas ruas de São Paulo,
por entre os carros de São Paulo,
meu amor, vamos andar e passear.
 vamos sair pela rua da Consolação,
dormir no parque, em plena quarta-feira,
e sonhar com o domingo em nosso coração.

meu amor, meu amor, meu amor:
a eletricidade desta cidade
me dá vontade de gritar
que apaixonado eu sou.

nesse cimento, meu pensamento e meu sentimento
só têm o momento de fugir no disco voador.
 meu amor, meu amor, meu amor!
 
belchior

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

beijos na testa são tão afetuosos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

como é boa a vida das pessoas!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

eu já nem sei o quanto sobrou de mim depois de sangrar todas essas feridas que você deixou. eu fui encorajada pelo claro do céu e pelas cores que escorriam dos seus ombros, pelo aconchego indeciso das suas mãos finas que não conhecem o peso e as marcas que deixam o trabalho.
eu que vivia de dentes à mostra sempre que te lembrar trazia o cheiro dos seus cabelos molhados pra ponta do meu nariz, que te recebi com flores rabiscadas pelas paredes após cada uma das tuas longas e tempestivas ausências.
eu fiquei sozinha sob a chuva. quando o céu desabou você correu pra se proteger e nem se lembrou de lembrar que correr é difícil pra mim. - eu também tenho medo de tempestades! mas me deixei não me mover pela incredulidade de que aquilo significa ser abandonada. eu nunca acreditei que os seus passos ligeiros sempre foram os anúncios, os sinais de que você se preparava pra esse momento, muito melhor do que eu porque você o premeditou. escolheu a hora e o momento, só não foi capaz de prever a chuva e não será capaz de imaginar o quanto de mim vai contigo, nessas tuas costas se afastando, refletindo luzes artificiais enquanto dobra uma esquina e eu já não te vejo nunca mais.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

pra onde vamos?

ele olhava fixamente para a armação cor de abóbora dos meus óculos novos e no momento seguinte abriu a boca pra dizer que não se sentia assim tão bem, não se sentia assim amando o suficiente nem feliz o suficiente. me pediu pra partir. quem sai? você ou eu? eu, ele respondeu.

na manhã em que ele não acordou por lá eu chorei por um dia inteiro. antes do dia terminar alguém refletido no espelho me olhou e disse: estamos livres!

terça-feira, 17 de julho de 2012

agora me surpreenda

segunda-feira, 16 de julho de 2012

transeunte

chove. ela caminha por ruas desconhecidas na cidade mais bonita que já viu. sem fones de ouvido, os sons que a acompanham são das gotas nas folhas, esse farfalhar dos galhos. pensa: deve ser assim que as árvores dizem que estão felizes. as árvores estão sempre a dizer coisas. um passo, depois outro, desvia de uma merda de cocô. caminha e se detem em alguns momentos por curiosidade, por fome, pela incerteza do rumo certo. comprou coisas velhas porque sempre gostou de uma boa coisa velha. só foi possível iniciar pequenos diálogos com desconhecidos, queijo ou bacon? mas como sempre é quando decidimos comtemplar a própria solidão, imergiu em infinitos monólogos interiores cheios de balaços sobre o passado, apatia pelo presente e ilusões sobre o futuro. se fosse um dia de sol também seria assim, mas sem a melancolia charmosa de ter a ponta das botas molhadas. um miserável pede uma moeda. não sou ladrão. ela também não, portanto pode se desfazer voluntariosamente de uma pequena quantidade de dinheiro e ainda oferece pipoca ao infeliz. por educação e por moral cristã, mas ele recusa e agradece. talvez por educação.
longe de casa, num dia vazio, chega a sentir-se pertencente a tudo aquilo, mas sabe que não é. falta algo. na verdade talvez sobre algo. não dá pra definir, é estranho.
por onde passo vou deixando os meus pedaços, vou me deixando cativar. por vezes custo retornar, mas quando volto faço festa! quero olhos nos olhos, quero um abraço demorado. revisito os cantos bonitos do meu coração e vou espanando poeira, trocando as flores, reforçando os laços que com o tempo se afrouxaram mas não desataram.

a vida não é filme, não é poesia, não é canção, mas se expressa ou não em tudo isso e em todo o resto. por hora prefiro ficar com minhas próprias impressões. nunca mais quis me afirmar, ou dizer o que quer que fosse sobre as outras pessoas, sobre seu comportamento, sobre suas escolhas. não sei o que, mas algo vai perdendo força em mim. aquele desespero pelo agora, aquela dúvida, aquele velho medo. meus pesadelos se desbotam, é aquarela.

aqui, assim, tudo fica mais leve, leve...

terça-feira, 10 de julho de 2012

eu deveria saber: isso aqui existe pra eu desabafar. é só chegar aqui e dizer que o coração dispara, que o vazio me enche de vontades,  que não existe vazio que não possa ser completado por desenhos de bicicleta, girassol, silêncio e uma dúzia de palavras bonitas que combinamos conforme nossa vaidade.

morro contigo, morro cada instante, passo a passo, ainda que confusos, caminhamos.

não, não quero mais. só quero fica um pouco mais. enquanto ainda eu puder, enquanto  ainda for capaz. me esqueçam, e esqueçam! diga que aqui não há mais lugar pra mim. e eu irei atrás de um lugar que seja meu.

tudo acabou. tudo se foi pra mim. não me deixe só olhando pra trás.

sábado, 7 de julho de 2012

o que essa ausência tua me causou

é como se me tirassem a melhor parte.

terça-feira, 26 de junho de 2012

venha me apertar, estou chegando

minha hora passa devagarinho, se atrasa pelo caminho que chega até onde você está. eu demoro no banho, cubro a cabeça e canto baixinho pra espantar o medo que cresce no silencio da sua ausencia. quero me esconder entre seus cabelos, quero me demorar nos nossos beijos. quero chegar, quero festa no seu abraço. esquecer do que dói no meu coração e no coração do mundo.

porque nos amamos com pele e paixão. porque não tememos a liberdade e nunca deixamos de cultivar nossas próprias asas.

porque nossos motivos nos levam um para o outro com a alegria, o respeito, o afeto e o tesão que só o amor tem.

tua ausencia me dói, mas não me castiga. meu dia caminha com passinhos de gueixa, meu coração se enche da sua vontade.

me espera que eu chego já.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

como chove

se não tenho o teu abraço
uso moletom.

terça-feira, 19 de junho de 2012

baby, eu queria ir nesse avião

que os dias passem ligeiros como passam os anos. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

mais feliz

eu acredito, eu sempre acreditei que qualquer pessoa pode ir além da mera existência quando ela passa a existir de maneira significativa pra alguém.

não me faz diferença o dia em que você nasceu, exceto pela localização dos astros, que te fizeram um geminiano assim bem chato, marxista e cheio de desprezo pelas minhas imaterialidades.

Eu sei que pra você é só mais uma volta que o mundo dá em torno do sol, mas pra mim é a celebração da sua vida. são as pequenas e grandes coisas que partilhamos, é te ter bem vivo, lindo e livre enquanto o mundo gira loucamente em torno do sol e dentor da minha cabeça.

é pelos risos altos, pelos beijos nas filas, pelo Queen que a gente canta junto no carro. é pelas massagens, pelas bicicletas, pelos carinhos sob o edredon, por me compreender como mulher, pelo respeito que sempre teve pela minha história e por me deixar ter um gato imaginário que eu aprendi: o amor não foi feito pra doer.

não são as voltas que o mundo dá. não é por sermos ridiculamente desimportantes diante do infinito. é tudo tão grande, não quero pensar nisso.

eu queria te ofertar um presente importante, dos que você não se esqueceria, dos que te faria dizer: é o melhor presente que eu já ganhei na vida. mas o único presente que lhe ofereço é o meu futuro, o que não vale absolutamente nada dado as inconsistências da vida. não vale nada, mas eu te dou o meu futuro pra se juntar com o seu e pra gente viver.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

é constrangedor sentir-se idiotamente feliz em um mundo de tantas misérias.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

vida besta

eu não deixei de vir aqui, continuo passeando por essas páginas, escrevendo pela metade, sempre apressada, nunca inspirada. vou colecionando rascunhos, histórias desimportantes que eu vivo, ouço e invento. gente estúpida e gente doce que existe pra ser traduzida em palavras mal escolhidas.

meus cabelos se espalham pela minha casa e eu vou tropeçando na esperança de um dia não ser careca. meu gato imaginário passa o rabo entre minhas pernas assim que abro a porta.

ela já é noiva e se fez noiva num dia muito chuvoso. os dias de chuva também são lindos, principalmente quando não sinto meus pulmões congelarem.

ele teve febre e a cama que ele aqueceu continua pegando fogo.

eu continuo a envelhecer. limito minhas preferências, penso em fazer cada vez menos coisas, sem pressa e sem demora. penso em filhos, penso em não tê-los, me esvazio. envelheço no meu silêncio, vou empoeirando como a mobília.

seguem meus dias. seguem os dias de cada um. sem o brilho que podem adquirir se congelados a cada momento numa bela fotografia. poderia apenas dizer dane-se! mas eu não posso. tem um coração aqui que me cala, que se aperta e me esmaga, que se assusta com a imensidão do tempo a passar.

acho que devo agradeçer, mas isso é só o que eu faço.

quinta-feira, 22 de março de 2012

triste bahia

pela janela emoldurava-se o dia, já não era cedo ou tarde
o gato espalhado pelas almofadas
o relógio aponta um segundo a mais
e mais um, e mais um, e mais um...
me deixo doer de saudades nessa hora
e na próxima, e na outra ainda
porque eu sei que só falta mais um dia
pra você voltar da bahia

.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

por ir

eu já fui espera, mas hoje me sinto como uma discreta lembrança. em muitos momentos me transportei a ela, revivi de olhos fechados o desbotar amarelado de sua pele sem bronzeado, a denúncia pálida de que a muito ela não é beijada pelo sol e nem sob o sol.

já me incomou os silêncios, já vi um fundo escuro no mar dos seus olhos e mesmo assim eu mergulhei. já senti meus pés se elevarem alguns palmos do chão enquanto me abraçava e não era uma sensação, você realmente me ergueu durante aquela dança e me beijou mais um beijo como qualquer outro, mas que de todos os beijos foi o que mais registrei. o que me beijou para além dos meus lábios e  é o gosto que me vem a boca quando penso que ser beijada e perder o chão, para mim é muito mais que uma metáfora.

já não posso exagerar no vinho e isso já me parece castigo suficiente. ela só buscava ter o melhor de dois mundos, o que por si só não é um pecado tão terrível e em alguns momentos não me parece sequer pecado, apenas um desejo besta de viver algo cotidiano e belo ou apenas uma forma de  acostumar-se melhor com os espelhos, ver nos seus olhos refletidos alguma história que valesse a pena ser contada de forma poética, e não apenas a constatação de que o que os espelhos nos mostram é o oposto do que as pessoas nos dizem e que a física óptica não passa de uma maravilhosa ilusão e a mentira pode derivar-se de um imenso afeto.

ela quis permanecer e não houve adiante, pelo menos não nessa direção. o querer ainda é importante e não tem nada a ver com o necessário. as nossas necessidades não passam de adaptações. ainda há esperança e ela está na vontade. são nossas ganas que nos movem e foram elas que me levaram a viver o que eu vivi com você.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

se me tivesse sobrado uma ponta de cinismo, eu fumava.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

"hoje eu não estava nada bem mas a tempestade me distrai..."

mesmo quando não há sol, todos sabem quando é dia.
nunca mais eu lamentei o clima. já não penso no trágico. que queime o inferno ou que congele o meu sangue. que as inundações me encontre com os bolsos cheios de pedras. o calor só me incomoda quando ausente. quando frio eu busco o aconchego de pessoas, esquento nos seus os meus pés.

meu tempo eu desperdiço junto com tudo que é meu. o nada já me ensinou: desperdiçar é aproveitar quando se trata dos meus próprios vazios, das minhas quietações, do meu ócio.
aqui, enquanto o vento arrasta nuvens e balança as cortinas, só quem eu quero. só quem me querer.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

doze segundos

eu busquei nos cantos empoeirados do passado e nas idealizações em technicolor algo que pudesse expressar como sentir o nada.

ou o quase nada, um breve repouso pros olhos que não são assim tão atentos e por vezes não conseguem ou têm preguiça de mirar.

e quando é noite as estrelas se esparramam pelo nada, a areia dança traiçoeira, o nada cresce e só se pode confiar na luz amarela que corta a vista a cada doze segundos.

chorei sentada pelo caminho perdido, pelo nada e pelas estrelas. mas não chorei e não chorarei por culpas que sequer reconheço e nem pelas que admito e afago.

aguardo e olho enquanto a luz mergulha no nada em seu tempo exato. eis o caminho.

e se não fosse certa canção eu jamais viveria...