domingo, 24 de maio de 2015

podofilia

concordamos que mal nenhum havia e nos deixamos ficar abraçados um bom tempo. era verão e o ar se movimentava tão quente quanto a respiração dele no meu ombro e eu que não queria chorar, olhei para baixo teus pés calçavam chinelos.

lembrei os desmaios, os primeiros delírios, a dúvida e a não gravidez. caí da cama, caminhei pela casa sem despertar, me recompensei e puni com intemperanças.

suportarei o peso de tentar viver assim. um ou outro reparo quiçá se fará necessário, mas nada que comprometa meus dentes bonitos.  

me olhou nos olhos, sorriu com os lábios beijáveis numa tarde morna. e só um pensamento me perturbava: meu deus, que pés horríveis.