quarta-feira, 29 de julho de 2009

mosaico abstrato

por nando reis

todo sonho é feito de estilhaços
do que o olho crê
que a imagem faz no espaço
e o tempo encontra
no ar que passa invisível
peso e cor

todo encontro é o jeito do acaso
achar no sonho uma miragem
onde o oásis água inventa
o mar do nada é impossível
erro e dor

e o que estava longe está aqui
dentro e tão perto
de um jeito tão certo que só cabe mesmo em mim
beijo e abraço
no tempo que passa lento e a jato
no gesto que toca a gente na alma
no modo, dos jeitos mais diferentes
é que somos iguais

livros lidos
discos preferidos
filmes vistos
sempre um sinal

indo e vindo
vivo ouvindo
o instinto mesmo quando
eu não entendo nada
ninguém entende nada
só o que diz
o lábio no beijo
no sopro a paixão

domingo, 26 de julho de 2009

escuta-me.

por vezes necessito falar até que se esgotem as palavras e nem sempre eu preciso de resposta. apenas de bons ouvidos.

escuta-me mesmo que seja noite, mesmo que seja frio, mesmo que não te agrade. eu sempre saberei retribuir um mínimo esforço de atenção, porque embora egoísta, sou generosa.

escuta-me calado, escuta-me distraído, sem me ouvir.

escuta-me ainda que eu não diga nada, porque os meus silêncios também são teus.

escuta-me quando me lê, escuta essa minha voz deselegante e desafinada o quanto se lembrar dela nos teus registros de memória.

escuta-me quando eu grito ou choro baixinho. escuta o que é a minha dor.

escuta-me. meus apelos, meus pedidos por perdão, minhas frases soltas e sem sentido, escuta os meus filmes vistos e quando eu cantarolar uma trilha sonora qualquer.

escuta-me quando eu for razão e quando for sentimento. quando eu for verdade ou mentira. escuta e guarda consigo tudo enquanto ainda puder me escutar.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

ela sentia em si um estranho prazer em ser inoportuna e detestável. escolhia a hora errada pra dizer intimidades passadas, palavras de baixo calão, ironias desprovidas de senso de humor e não sabia exatamente o porquê, mas gostava disso. só mais um dos seus vícios, não tão explícito quanto o bastão cancerígeno sempre acesso entre seus dedos. mas quase tão prejudicial quanto.

ele era a materialização de coisas boas que ela não viveu. era a possibilidade de uma vida sem o peso de sentimentalidades enjoativas, sem a ânsia por dominação, sem o vampirismo que permeiam os relacionamentos que se constituem por esses nossos dias. ele não era assim. ele inspirava liberdade e segurança, duas coisa que de tão distintas são pares.

ela soube reconhecê-lo, curiosamente não se esquivou. e de todos os pensamentos que ocupam a sua cabeça de mulherzinha, ele é daqueles que lhe passa certa calma. como pensar num lago tranquilo, ou numa tarde de chuva fina e de vento fazendo dançar as folhas secas.

algo no mundo mudou. e não foi a cor do céu. talvez não houve mudança alguma. apenas alguma coisa que encontrou o seu lugar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

estamos juntos

nos passeios, com os amigos, pelas ruas, no aconchego e nas lutas também.





sorte a minha.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ritmo e poesia

eu não me guardei, não preparei qualquer recepção para ele. não me enfeitei com colares e nem enchi a casa de flores.
ainda assim ele veio, chegou e me encontrou despreparada. sem uma frase pronta, sem prenda alguma pra impressionar. só me restou ofertar a mim mesma, nada mais. descabelada e exatamente assim foi que me mostrei.
ele manifestou o desejo de grudar sua boca na minha. e foi justamente quando nando reis ia dizendo 'pra você guardei o amor...' a canção perfeita para um 'first kiss'. ele me beijou antes da canção terminar e aqui dentro, assim como eu sou, me encontrei nos seus braços e não preciso mais procurar. o encanto está no momento. é o meu segredo, eu já disse. mas é ótimo quando simplesmente se confirma. a mim, que nunca fiz questão de estipular regras ou metas ou o que quer que seja. eu que sempre fiz questão de viver, sim! e tão somente isso. foi e é a melhor coisa que me aconteceu ultimamente, ter aceitado seus beijos, seus carinhos, seu olhar doce que se espalha em mim e acompanha suas mãos enquanto me beija.
eu não esperava por ele, mas hoje eu acredito, e pode ser a representação da verdade. só o tempo vai nos dizer. mas o fato é que tudo que não foi guardado, tudo que não poupei já era dele e ele soube me tomar para si e me guardará, enquanto existir desejo em nós.