segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Eu queria escrever. Mas não sobre envelhecer ou sobre meus conflitos. Não queria escrever sobre a melancolia dos fins-de-ano nem inventar mais uma história. eu já escrevi sobre muita gente aqui. Paixonites de hoje e do passado, desafetos, confusões familiares, o que me faz triste, o que me faz esticar os lábios em direção às orelhas e me deixa com essa cara de boba de quem só quer sorrir.

A inspiração é uma menina traiçoeira. É sim! Acho que nunca escrevi tanto na minha vida como nos últimos meses, porém, não sei o que escrever. Não quero que mais nada na minha vida ficasse com essa impressão de abandono. Eu não sei se me larguei, ou se as coisas me largaram pelo caminho. Certo, as pessoas desistem de mim, minha fala e principalmente esses registros pouco correspondem com as minhas atitudes diante da vida. Sou uma idiota e isso não faz nenhum sentido.

Porra, passou o natal, eu fiz vinte e seis anos, estou fazendo dois vestibulares e definitivamente não tenho nada de significativo a acrescentar nessa merda de mundo. Ok, então abandonarei de vez essa coisa idiota de escrever sem propósito. Histórias sem leitores pelo simples fato que não interessam a ninguém.

Me disseram que isso é crise de auto-sabotagem. Será que morro disso???

domingo, 6 de dezembro de 2009

calma

Eu contava os passos. Os dele, não os meus. Vinha chegando naquele andar sempre desajeitado, sempre deixando a incerteza de para onde iria.

Ele sempre foi de espalhar a calma, sentou-se e começou a falar baixo e lento, daquele jeito de quem nunca quer ferir, mas eu já estava machucada. Acendeu um cigarro, que o garçom pediu que apagasse. São as regras. Me convidou para caminhar, eu me levantei apenas, porque não sobrou em mim nenhum sim.

'Hoje eu troquei de nome duas vezes'
Ele sorriu e disse que tudo bem. 'E como quer que eu te chame agora?'
'De Você, apenas.'

Não é comum que chova por essa época, mas o céu decidiu nos molhar, ele me segurou pela mão e atravessamos a rua com o passo apertado, mais um quarteirão e estaríamos em casa. Eu relutei porque aquele não era o meu lugar e nunca há de ser. Eu não sou de lugar algum e ao contrário dele, grito quando o mundo se fecha sobre mim.

Eu não nasci para essa vida, apenas passei a viver. Ele nasce todos os dias e sabe viver a vida com tranquilidade. Ele me acalma, mas eu me assuto porque nunca conheci o que é o sossego.

Continuo pelas ruas, ele me olha pela janela. Nos encontramos por aí e sempre que caminhamos chove. Acho que o nosso andar precisa dessa água toda. Garoa fina ou tempestade com vento. Eu já perdi a conta dos seus passos e já nem sei por onde eles vão.