segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

tudo que eu poderia ser

acho lindo olhar e ver que apesar do tempo ter colocado rugas no seu rosto, ele não apagou o brilho verde dos seus olhos.

sempre penso na morenice de suas mãos pequenas tão cheias de significado para mim. suas marcas, seus dedos curtos, em tudo que sempre te fez forte e no tempo. não me dei conta do quanto o tempo havia passado pra ti, até perceber quanto tempo havia passado pra mim. a percepção do meu amadurecer e do seu envelhecer.

há quem procure a exibição daquilo que não se tem. sou feliz por nossas escolhas, por como me ensinou a crescer e por nunca mentir sobre a vida. todos temos nossas ilusões, mas eu aprendi contigo que as delicadezas não substituem as verdades, por mais que se frustrem nossas idealizações. hoje eu sei que me basta seguir como você fez, com essa coragem que você tem e que constituiu em nós as mulheres que hoje somos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

verano

é quando é ainda melhor ir contigo por onde for. encher de cor essas noites que não foram feitas pra sonhar.

a gente cantando musica velha no boteco ou enquanto você lava a louça. a gente aproveitando o calor que sobe do asfalto quando a chuva nos pega em fim de dia.

areia quente, os pés na água doce ou salgada pra você provar. imersão.

todas as brisas e ventos: de mãos dadas, cabelos bagunçados. de bicicleta, olhos fechados e por qualquer janela.

cheiro de fruta, travesseiros, um dia inteiro de nudez e essa sua mão me passeando com preguiça...

suor

vem, verão...

domingo, 18 de dezembro de 2011

vinte e oito

"admirar a vida que soubemos fazer..."

a gente fica adulto é quando pára de crescer?  

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

como em um dia comum, nada do que faço merece ou necessita destaque.
é estranho sentir que existem coisas que eu não quero dividir quando isso era tudo que eu poderia querer e é tudo que querem de mim.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

pro meu coração

olha, eu sei que às vezes fica difícil bater. não que eu saiba o que é ser um coração, mas quando eu respiro sinto que você reclama e em alguma parte minha... dói.
você poderia agir assim por amor ou melancolia, poderia reclamar queixoso das minhas euforias, dos meus exageros e da minha completa indifereça quanto ao seu funcionamento.
olha, coração, eu preciso de você. não só de ti, mas essencialmente de ti operando de maneira que não te esgote e não me limite.
sei que preciso contribuir pra que as coisas entre nós se mantenham harmoniosas e assumo minha responsabilidade pelos motivos que nos trazem a esse momento. sei que foram vinte e oito (quase) penosos anos, mas console-se com a certeza de que não foram difíceis só pra ti, coração. eu agradeço pela companhia e esforço com que se dedicou às minhas peripécias. obrigada. eu não teria vivido se não fosse por você. obrigada, novamente.

espero e prometo contribuir pra que você esteja preparado pra mais alguns anos de esforço. pelas minha projeções não muitos, mas o suficiente para talvez nos colocar em conflito mais algumas vezes. se as circunstâncias nos permitir, talvez você continue sua jornada de mover pessoas como eu  ou completamente diferentes de mim para a vida.

eu só posso agradecer...


"eu tenho um desejo e um coração..."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

e tudo há de passar assim, como passa sempre tão lentamente que a gente nem toma conhecimento... tantas mãos, tanta lágrima e tanto riso, tanto calor, tanto nós, tanto e tantos outros. E quando chegar no final, amanhã ou daqui cem anos, todos estarão lá. 

domingo, 16 de outubro de 2011

mais perto

eu ainda preservo o costume de carregar um par de meias na bolsa porque meus pés sempre gelam quanto mais noites eu caminho pela rua de chinelos. ele possivelmente já não é o menino que eu conheci, mas sinto que mantém suas doçuras e espero que assim permaneça porque há coisas que não se perdem, embora possam facilmente ser esquecidas num canto qualquer.

não é preciso relativizar sobre o tempo, ele seguiu sabiamente e o que se preserva é fruto de escolhas e nada mais. é como crescer mais um pouco quando já se cresceu o suficiente e crescer ainda mais quando se pode partilhar sem se perder.

nesse domingo um pouco mais perto

quase aqui

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

construindo o verão

sigo nas minhas idealizações sobre os nossos dias em janeiro. podem ser quentes ou frios, secos ou de chuva. pode ser rumo ao farol dos meus sonhos ou qualquer outro lugar do mundo. pode ser na nossa casa que é cada dia mais nossa e eu sinto muito assim.

os planos certamente acontecerão diferentemente do imaginado e que bom, porque imaginá-los é quase como vivê-los e se forem iguais será como viver novamente  algo já vivido e não há motivos para nos repetirmos se podemos ser absolutamente novos. cada vez mais novos motivos pra unir minhas mãos às suas firmemente porque sei que nosso chão é seguro, nossas razões são sinceras e podemos nos dizer o que for olhando um nos olhos do outro.

a primavera já plantou o nosso verão em uma semente colorida que nos espera pra brotar. eu espero por esses dias como algo por nascer. espero e caminho pra eles contigo. porque escolhemos, porque merecemos.

um janeiro de muitos calores. todos nossos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

alô?

e me valeu o dia...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

um copo vazio

Eu tenho a quem  agradecer e agradeço porque se acumulou em mim a gratidão e uma certeza que nesse mundo não sou mais que um copo vazio sem as mãos que se dispõem unir às minhas.
eu sei respeitar decisões embora nem sempre a compreensão acompanha. de tantos passos divididos pelo caminho, aprendi a não lamentar quando eles de mim se separam, por motivação minha ou não. eu também faço escolhas, eu também insisto para permanecer, mas já não sofro quando se vão. eu aproveito outras companhias e aproveito todas as ausências. tento ser a melhor companhia para mim mesma, tento e nem sempre consigo por conta do passarinho que sempre fica tristinho quando não tem pra quem cantar.
eu não sei ser sozinha, mas compreendo que é necessário porque é assim que me sinto capaz de não esquecer quem eu sou e como eu me sinto em relação ao resto do mundo. não saberei o que são as pessoas para mim se delas não puder me livrar de vez em quando. 
o mundo não cabe nos meus braços, mas eu sinto a necessidade de carregá-lo. o cotidiano me comove porque eu vejo todos os dias a miséria humana se expressar na dureza dos olhares, na porta que se fecha, no medo que faz os pés mudarem de calçada, nos homens suados comendo marmitex sentados no chão sob a sombra de uma árvore e na criança que com sete anos não reconhece um pedaço de bolo porque nunca viu um bolo na vida. todas as crianças merecem comer bolo. todo trabalhador merece uma mesa pra almoçar e merecem muito, mas muito mais os trabalhadores. e merecem tomar pra si.
a miséria humana também é a minha miséria. e a humanidade começa aqui, pelas ruas que ando, pelo vidro do ônibus, dormindo no berço ou no banco do lado.
eu tenho que agradeçer. porque quando eu penso no desespero não posso deixar de pensar que eu tenho pra quem abrir o meu coração...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

algo místico

eles sempre foram de gêmeos. sempre achei essa coincidência astrológica uma deliciosa sutileza das coisas imateriais.

geminianos são boas companhias para caminhar e conversar. eles sabem as canções que te agradam. e nunca são os mais bonitos, mas como sabem ser lindos.  

e... como sabem nos fazer penar. uma quase indiferença ou um quase agrado. bem poderiam ser bipolares os geminianos, assim seriam menos nuaces e mais extremos. às vezes é bom não precisar decifrar.

a lista de adjetivos que se pode atribuir a um geminiano é vasta, mas o primeiros de todos sempre deve ser: bocó. depois de entender como é lidar com bocós você pode chamá-lo de lindo, babaca, fofo, chato, docinho, cara estranho, ou desistir de defini-lo e ficar com o bocó, mesmo. que sempre lhe cai muito bem.

eu nunca insisti neles, eles aconteceram desgraçada e amorosamente e de cada um eu me lembro o momento em que responderam "gêmeos" e alguma boca dentro de mim sorriu como quem diz e como não?

eles são inesquecíveis e não comem qualquer coisa. comem como se tivessem 15 anos. seu critério é o prazer.

um geminiano me fez casar. ele foi o único que me respondeu Eu não tenho signo. foi quando ele ganhou seu primeiro "bocó! chato!" mas penso que ele já se acostumou com seus adjetivos.

sempre nas tabelinhas cafonas de horóscopo há três coraçõeszinhos na nossa combinação e eu nem precisaria delas pra saber. bem melhor sentir por viver.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

imersão

encontrei uma maneira de ser que não me fere, encontrei paz na solidão e hoje já não sinto aquele velho e imenso medo. eu resisti quando só restava me entregar, eu sei o que existe em mim e sinto que sou forte e que sou muito sua.

ah, e essa paixão? eu imaginava que fosse assim, só nunca pude prever que aconteceria logo pra mim, que sempre fui tão solta e sozinha... e hoje é de verdade a gente de mãos dadas, tomando água ou cachaça, dançando um rock que eu não conheço. não sou de rock, você bem sabe. a gente dormindo a tarde, aproveitando o calor, se procurando, se perdendo, se encontrando, se experimentando. é tudo de verdade e tudo nosso enquanto for. que bom.

eu me casei com ele e não me canso de pedi-lo em casamento todos os dias, porque ele é o meu namoradinho. e ele sempre diz que nós já nos casamos e eu insisto: quer casar comigo? e só daí ele diz que sim. e esse sim é pra mim a certeza de que nossas vontades nos moveram até aqui, não apenas uma feliz combinação de acasos.

ele está voltando pra casa e eu não vejo a hora de tê-lo de volta no nosso canto. agosto me custou, mas ainda me guarda essa alegria de vê-lo chegar antes do mês partir...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

mais perto

deixei que a melancolia ressacada se espalhasse comigo pelo sofá. e não foi essa distancia de tantos dias que fez brotar uma, duas, incontáveis lágrimas. acho que senti culpa pela boneca que foi pro lixo, acho que foi por ter tocado nas mãos de minha mãe e me emocionou ver o tempo em cada uma daquelas marcas ou porque enfim o calor voltou, mas já não é o mesmo e eu também já sou assim tão diferente.

eu já nasci com saudades. cada vez que me viro e miro atrás o caminho, sinto que me move as lembranças das coisas como elas foram. tantas vezes quis voltar, tantas vezes o desespero das incertezas. em outras foram cheiros, foram risos e ombros, foram lágrimas pelos meus mortos. e sempre sempre essa imensa saudades.

eu não tenho uma estrela no lugar do coração. sou só alguém que sente. as nossas doçuras não precisam se afirmar o tempo todo. sinto que essa ausência embora dolorida, me leva a processos de reflexão que são muito pessoais. essa tranquilidade de nos reconhecer como duas histórias caminhando juntas é o que acalma minhas angústias de menina, um respiro nas minhas imersões de tristeza. hoje já não me entrego a elas.

não há fuga que se compare ao calor da sua presença junto de mim e das coisas que são nossas. e sinto que vai crescendo em mim aquela alegria do reencontro, agora que falta tão pouco. vai crescendo em mim a euforia e os sorrisos. assim, cheios de amor. 

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

alô?

é essa sua voz que me vem daí flutuando pelas antenas, falar no meu ouvido pra sossegar minhas saudades. onde eu estiver, sempre a melhor parte dos meus dias...

quando a gente se fala, quando perco a fala...

domingo, 7 de agosto de 2011

tentei fugir

eu não quis voltar aqui por saudades. não foram esses braços morenos que me trouxeram de volta. me apetece muito mais gastar meus dedos em decifrar suas texturas.

e somos só vontade e distância... sem os tais dedos, sem o que somos, o que me resta?
hoje eu fujo. para além, eu nada sei.

muito pouco, quase nada

"amor, eu sinto a sua falta
e a falta é a morte da esperança..."

desconcerto

é impossível ser feliz sozinho...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

hoje dormirei cedo porque nem toda ausência precisa ser preenchida, nem tudo precisa ser substituído, embora nada seja insubstituível.

hoje eu dormirei cedo porque preciso encarar a sua ausência e não fugir dela me enchendo de demandas e distrações.

hoje choveu e o frio voltou pra frustrar minha esperança de que todo o frio desse ano já havia passado. ainda assim passei no nosso novo bar preferido, de guarda-chuva e sacolas de supermercado, só pra comer um espetinho, tomar uma cerveja e corversar com o valdir sobre o Guarani que ganhou ontem e sobre o tempo que mudou.

minha planta enfim floreceu. ela que provém de uma mentira dita a uma criança em um dia das mães, sobreviveu a sua falta de cuidado na mudança e ao meu desleixo cotidiano e nos presenteou com uma flor cor de vinho muito, mas muito linda. uma simples violeta te traz pra perto de mim e da nossa casa. te amo.

não são nem 22:00 e acabaram as cervejas, o que farei quando começar o jogo do seu time? hoje eu dormirei cedo e comerei melhor, não só pra que você não se preocupe comigo, mas porque meu estômago você sabe, né?

posso te passar todos os dias o meu cardápio mas sempre terei a certeza de que você é a parte que não se alimenta direito! você e seus salgados de estufa, você e seus congelados de supermercado, você e a ausência de ferro nos seus pratos. você se alimenta mal, mas come tão bem... e eu que depois dessa ligeira associação carregada de sentido já nada tenho que dizer...

me sinto tão seu

"eu faço tanta coisa pensando no momento de te ver
a minha casaa sem você é triste, a espera arde sem me aquecer..."

terça-feira, 2 de agosto de 2011

por que partir?

triste é saber que essa solidão cheia de silêncio e vazia de calor há de persistir por todo agosto.

doce é saber que por mais que eu me distraia com os meus, caminhe na companhia de outros pés e cumpra todas as minhas demandas cotidianas, um tanto de amor vai se guardando pra você,

meu benzinho.

domingo, 31 de julho de 2011

o mundo anda tão complicado

e como foi difícil viver tudo sem que houvesse uma linha onde eu pudesse derramar palavras. cada caixa desfeita trazia em si coisas a se experimentar novamente, lembranças esquecidas e misturadas e muito do que deixar partir.
acredito que se livrar de certas coisas é simplesmente deixá-las ir, deixar que sejam de outros, que encontrem novas possibilidades, outras mãos.  a boneca que não tem mais conserto (não pensei que seria tão triste me livrar dela), um tanto de gibis, alguns livros, escritos, desenhos, casquinhas de chocolates experimentados à duas bocas, roupas com significado. um tanto de mim que se foi pra que eu pudesse seguir a acumular coisas novas: desejos, vontades, lugares, canções.
não deixei que fossem os livros que nunca li. com esses tenho uma obrigação moral de dar-lhes uma chance de me surpreender, o que é também me dar uma chance de aprender com eles.

e não é só: são os paninhos que eu espalho, são as cores que vão enchendo as paredes, são os pés que todas as noites se enroscam nos meus e os abraços que nunca me faltam quando fica tudo assim... tão complicado.

há momentos em que o passarinho assustado que mora no meu peito treme e eu penso que há nele um certo medo. mas todos os dias quano amanhece ele me acorda cantando...

pra ouvir: tendo a lua - paralamas do sucesso

segunda-feira, 27 de junho de 2011

um instante antes de voar

as minhas unhas eu pintei em rosa retrô e elas sobreviveram ao intenso feriado.
a gente sabe que o vento ou o tempo fazem tudo passar e eles dão conta de tudo mesmo, o bom é que nem sempre é triste.

preciso dizer: minha vida está mudando e eu tenho a estranha sensação de que é pra melhor.
ainda caberia aqui um poço de melancolia, todo mundo precisa de um bocado de tristeza pra fazer o seu samba.

eu sei que dos dias aqui passados restará uma doce saudade.

sim, é doce saber que passaram as angústias, assim como as alegrias. o vento não deixa nem um grãozinho preso na palma da mão. pode apertar os dedos com força, não ficará.

é doce porque nos renovam. novos cheiros, novas companhias, uma canção desconhecida pra cantar a dois.  uma nova paixão, muitas novas paixões...

novas e velhas paredes. a certeza de que aquelas também viverão nossa história, assim como essas que deixaremos vazias de nós. as paredes não guardarão absolutamente lembrança alguma. lembranças é a memória que guarda e as nossas ocupam um instante que não é provisório. permanece.

sobre as minhas unhas não há nada que dizer, foi apenas uma jeito meu de começar.

domingo, 12 de junho de 2011

trancada

uma menina trancada num apartamento que fica no 9º andar. um dia inteiro vendo o dia passar pelas janelas, na companhia da certeza de estar sendo esquecida pelos seus, vasculhando pensamentos, memórias, distraindo-se com o comum, com a paisagem já viciada pelos seus olhares. uma rapunzel sem os longos cabelos pra fugir, sem o socorro de príncipe qualquer.

e se houvessem chaves? para onde iria?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

para os dias de folga, o dia dos namorados e todos os outros...

confesso que sinto amor por todas as noites em que te acordo de madrugada pra dizer que o frio me dói e você me leva pra mais perto de si. e eu que nunca mais me enrolei nos cobertores e te deixei com os pés descobertos. enfim, aprendi a partilhar o sono e amo o nosso calor.

e naqueles momentos difíceis eu me aborreço por horas com as demandas da vida e você sempre me ajuda a não enlouquecer, não desistir da faculdade e não assassinar ninguém. com você eu sinto menos falta de ter um gatinho. (saudades do cirilo e da sibel)

minha vida era uma caixa imaginária cheia de trapos, de papéis velhos da quinta série, de fotografias de gente morta, de nicotina, de solidão, de vento balançando as cortinas e bagunçando as minhas idéias. hoje cabem muito mais coisas na minha caixa. eu me livrei de pesos antigos, bati os tapetes, abri as janelas e a minha vida também está cheia de mãos nos meus cabelos, de livros lidos a dois, passeios de bicicleta, lábios na minha pele. meus dias têm beijos ao despertar, beijos no elevador, na fila do supermercado, do cinema, ou outra fila qualquer... sempre sobra um beijo, outro e mais outro.

tem dias que sou tempestade, tem dias que ele é tanto silêncio que às vezes eu quase odeio. nos equilibramos entre as minhas infantilidades e as coisas que ele sempre esquece. entre meus gibis espalhados e essas poucas paredes que nos assistem.

um amor de calma e paixão. daqueles que eu sempre quis.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

pra onde eu vou

não me detenho nas inseguranças, sofro todos os dias e todos os dias é um de cada vez. tem dias que custa a passar o tempo e tem dias que os segundos voam leve, leve...

é pra continuar a ter boas costas, é pela grana que faz falta, é pela expectativa de vida, é pela saudades de casa, dele, delas, por todas as saudades que possam caber aqui. por tudo isso junto é que eu só penso em parar.

ir e voltar quantos dias e quantas vezes forem necessários. pelo caminho vai meu sono em prestação, vai-se um eterno atraso, vai canções nos fones de ouvido. tudo ao redor muda muito lentamente e percebo como percebo que muda um filho que cresce.

e até que se acabe, até o fim detudo isso, serão muitas mãos que não irei sentir, muitos abraços que vou guardar, muitos risos não partilharei.

como saberei se um pouco disso tudo ainda estará guardado pra mim quando tudo acabar?

sábado, 14 de maio de 2011

o que se foi e não volta mais

não ficou nenhuma foto porque nunca se deixaram fotografar na companhia um do outro. hesitavam e no fundo sempre souberam que nunca foram mais que meros estranhos. embora houvesse os olhos, os braços e abraços que de fato existiram, as poucas noites, as muitas palavras.

o que dividiram foi um tanto de vida. caminharam com passos iguais, correram riscos, perderam-se, esquentaram-se e enfim perderam-se naqueles ciclos que nunca se completam e que seguem por vazios no tempo.

não doeu, ao contrário, foi doce e tranquilo. a distância concreta aos poucos se transformou em distância sentida e só deram-se conta quando ela já era um abismo. olharam-se de longo, cada qual do seu lugar e no meio tantas coisas que não viveram, tantas outras que viveram na ausência um do outro e algumas que souberam partilhar.

se hoje vivem de saudades, vivem daquelas que não machucam, que não aprisionam o coração ao passado, mas que colocam um sorriso na cara de quem aprende a viver o agora.

terça-feira, 12 de abril de 2011

[?]

nem tão forçado que pareça mentira. nem tão natural a ponto de ser verdade.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

tem dois dias que eu não choro

e mesmo assim não sei dizer se não for de tristezas
mesmo o que é belo, em mim é triste
ontem ele se atrasou pro trabalho
hoje eu demorei pra voltar
ele já se foi mas deixou os seus registros
não está e está em tudo
doce falta na ausência
recordações da última despedida

tantas doçuras e me falta poesia
me falta o calor de deslizar em versos
me falta sabedoria, pureza
e um coração capaz de inclinar-se às belezas (não sei se essa crase existe)

de onde me encontro qualquer tentativa de parecer poético é uma farsa completa

terça-feira, 29 de março de 2011

venci o sono e perdi pra mim mesma

mergulho em lembranças e me afogo em saudades. vivo do que eu sinto, sou cada vez menos razão. esforço inútil em permanecer firme, desfaleço, choro, renovo as mágoas, busco abraços.

é compreensível que me deixe levar pela crítica mal fundamentada, não sou pessimista, quero alegria nos meus dias. o mundo não é bom, o dinheiro é pouco, a paixão é vidro e eu sou uma débil mental que não consegue conviver com as próprias frustrações.

ela engoliu cinquenta comprimidos pra ter aquele pouco de atenção que todo mundo quer. mas ela queria mais que o todo mundo, queria só pra ela. não sei o que farão com a sua barriga ou com seus rins, mas eu sei o que eu gostaria de fazer com a sua cara: encher de socos. não pela tentativa. da única forma possível eu aprendi a respeitar a decisão dos que sabem quando a vida lhes foi suficiente. chego a ter uma ponta de admiração; eu queria enche-la de socos na fuça pela tentativa ter sido um sucesso com requintes de drama: além de não morrer, ela conseguiu que o mundo parasse em torno de si. as pessoas se preocuparam, as pessoas choraram, as pessoas se deslocaram, não dormiram a noite, se culparam pelo passado e tiveram medo do futuro. ela não morreu.

a minha vida segue, cheia de dúvidas, de crises, de demandas, cheia de mundo nas minhas costas. a vida dela provavelmente seguirá com tudo isso e algumas mazelas a mais. os laços que nos une não me dão o direito de interferir na sua história, no seu caminho. e eu não o faria de qualquer jeito. se quer ir, que se vá, mas não vacile no caminho.

quarta-feira, 2 de março de 2011

eu trago o lixo para dentro

ela estava bem na minha frente e de repente a parede atrás da sua cabeça começou a balançar pra lá e pra cá e não era só uma moça loira introduzindo algo na veia do meu braço esquerdo, eram duas e o braço esquerdo, coitado, um só. dormi e ao acordar tive que encarar fotos horrendas do meu aparelho digestivo ou digestório, que seja. pro diabos essa gente que muda o nome das coisas e vem dizendo: o termo que se usa agora é...

foda-se. sou uma magali. amo comer. comer de tudo. agora resolvi ficar cheia de dedos. é que dói, gente. dói uma dor até bastante suportável, mas constante, irritante e indigesta. dói e me deixa nesse azedume: sem alcóol, sem fumo, sem gordura, sem açúcar, sem sal, sem pimenta, sem molho. vida destemperada.

comi o medo que me ronda de morrer aos vinte e sete vomitando bolas de sangue com câncer no estômago.

é só gastrite.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

trocando as folhas

é como se não houvesse passado os dias. como se todos eles não estivessem carregados de histórias, como se fossem meros vazios de tempo dos quais eu não recordo. como se tivesse sido ontem.

um adeus ou um até breve?

eu nunca soube e acho que nunca saberei.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"toda cor tem sim...

no rosa do meu esmalte, do batom perfeito, da bicicleta e da parede que eu não abro mão. no céu que às vezes é azul e às vezes é cinza dos lugares por onde passeamos. quanto te bati com uma folha seca e você bateu de volta na minha bunda. quando a sua camiseta é amarela, ou quando é preta, se o seu sorriso é mesmo pra mim(?) no verde e branco dos nossos times que combinam (sempre adorei isso) e com certeza no amarelo da luz quando passa pelas cortinas. por fim no vermelho das nossas lutas.

(...) uma luz, uma certa magia"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"não sou o homem dos seus sonhos, sou o homem da sua vida"

lá pelas 3:20 da manhã quando eu peguei no sono novamente, depois do suco de cajú na madrugada. é incontrolável: o abandono, o fim, uma outra história irreal, fruto da minha própria angústia, ou como na sua teoria sobre os meus medos. é quando não há nada no meu controle, sua paciência não prevalece, é onde me pede que eu vá e me arraste pra qualquer canto com toda a minha tralha sem importância.

então você acorda antes, eu continuo. estou chorando perto de um rio barrento que quase transborda por sobre uma ponte. são lágrimas de despeito, havia pessoas que não conheço entre nós e você recusou o meu convite pra um passeio. ficou com os estranhos, eu pisei de pés descalços na lama e chorei.

despertei sem vontade de voltar pra onde não controlo. você me beijou na testa porque já sabe que eu gosto e me disse pra dormir mais quinze minutos. prefiro ficar na sua presença, na vida acordada, que é muito mais colorido.

você não é como nos meus sonhos e eu nem precisei te sonhar. assim é bem melhor.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

moon river and me

amo porque sua doçura me alegra quando meu coração dói.

texto tátil

perfumada e silenciosa, foi assim que a casa ficou quando eu saí. saí porque sairia de qualquer jeito, pra mais distante e por mais tempo, talvez. mas um motivo qualquer me fez sair rápido e deixá-lo sem o peso da minha companhia.

sim, eu canso. a mim e a outros. quero dividir livros, sites, fotografias, uma aventura culinária, os planos, o gato, a cama e a vida. mas eu sei o quanto tudo isso cansa. os meus desagrados que quando não verbalizo colocam uma careta na minha cara, as minhas roupas amontoadas no mancebo, no armário, na cadeira, no banheiro. não, eu não consigo empilhar sessenta peças de roupa numa única prateleira e eu merecia morrer por causa disso.

voltei logo, o sol estava forte, a casa estava arrumada obrigada e ele me recebeu com todas as doçuras com que sempre me trata e me fez sentir uma culpa antecipada caso a gente não dure.

não somos perfeitos, mas ele é melhor que eu.

sou uma mula egoísta.

agora quem saiu foi ele. ontem eu fiz piadinhas ciumentas sobre a dentista, nos despedimos com sorrisos e eu fiquei sorrindo ainda por algum tempo depois que fechei a porta. hoje foi silencioso, um beijo e um quase sorriso. voltei pra caixinha onde estava colando umas figuras.
fiquei só com o meu silêncio.

agora eu só quero ouvir a chave dele girando na fechadura.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

pra entrar na minha história

o sentir não é eterno e que não é eterno a gente já sabe. na mais exagerada das perspectivas ele termina com a boca cheia de terra, que nem a gente.

e tem o que em mim não controlo e em você é pura sensatez. o que em mim te sufoca e em você me liberta. te amo e minhas tempestades não são passageiras. meu céu é um nublado de nuvens coloridas que pintei com os lápis que comprei escondido no seu cartão. sou céu pra passear.

as imagens, as letras, os versos, as canções e tudo mais que sinto e vivo está aqui. eu, nós, o resto do mundo, está bem aqui. e vai continuar comigo ainda que no decorrer da vida eu precise enterrar uma memória qualquer. eu sempre saberei onde estará guardada aquela velha razão, aquele sentimento...