sábado, 14 de maio de 2011

o que se foi e não volta mais

não ficou nenhuma foto porque nunca se deixaram fotografar na companhia um do outro. hesitavam e no fundo sempre souberam que nunca foram mais que meros estranhos. embora houvesse os olhos, os braços e abraços que de fato existiram, as poucas noites, as muitas palavras.

o que dividiram foi um tanto de vida. caminharam com passos iguais, correram riscos, perderam-se, esquentaram-se e enfim perderam-se naqueles ciclos que nunca se completam e que seguem por vazios no tempo.

não doeu, ao contrário, foi doce e tranquilo. a distância concreta aos poucos se transformou em distância sentida e só deram-se conta quando ela já era um abismo. olharam-se de longo, cada qual do seu lugar e no meio tantas coisas que não viveram, tantas outras que viveram na ausência um do outro e algumas que souberam partilhar.

se hoje vivem de saudades, vivem daquelas que não machucam, que não aprisionam o coração ao passado, mas que colocam um sorriso na cara de quem aprende a viver o agora.