sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

eu lembro cada momento.
trancados, pelo asfalto ou na areia.
e só me faz bem lembrar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Eu sempre gostei de brincar de me esconder e sempre acreditei que fechar bem apertado os olhos faria com que não fosse encontrada. Não me importo em passar despercebido pela sua vida, a página que se destina a mim na sua história não passa de uma folha sem registros. Algumas pessoas possuem a incrível capacidade de se tornarem invisíveis e propositalmente não se fazem notar, como já disse certa vez o Gabo e eu acredito nele.

Todos os dias você esvazia a mente e se esvazia de mim. Isso não é a exata representação da verdade, porém é aqui dentro de mim que as coisas se inquietam, se movem, trocam de lugar e volta tudo a ser só amor. Essa vida que aos poucos se define é feita de escolhas que fiz e depois abandonei pelo caminho. É feita de uma saudade imensa e de versos que eu escrevia e não escrevo mais, porque a capacidade de ser poética eu nunca tive e tudo que eu já poetizei não passa de merda.

Então, um pouco do que sobrou de uma vida remendada me chama e eu sem muita disposição perco tempo e energia demais idealizando-me, porque minhas expectativas sobre os outros é nula e todas as outras recaem nas minhas costas e elas pesam, mas nem sempre, porque certas mãos quando se unem as minhas fazem tudo parecer mais exato, mais razões não sentimentais que eu chego a acreditar que eu não sou tão ruim assim.

E o que me assusta é esse meu jeito de deixar tudo meio solto na vida, essa falta de perspectiva. Não consigo e eu nem poderia me entregar a fazer mais e mais planos e a te incluir neles pra depois eu deixá-los como deixei a tantos outros e como todos que eu ainda deixarei. E se eu não sorrir com a sua chegada? e se o tempo for ainda mais implacável e me revelar uma idiota? se é que já não revelou e eu aqui divagando. Eu tenho essa minha mania de só sustentar um ideal enquanto não tenho um motivo convincente para abandoná-lo. Enfim, só confirmaria a pessoa horrível que eu devo ser. Essa vida só terá um fim e no fim nada me espera, eu sei. Viver é difícil demais. Por que ninguém me avisou que era assim?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Não há nada mais decepcionante que decepcionar a si mesmo. O que tem um peso bem maior quando não dá nem pra se iludir. Eu sei exatamente onde eu errei, sei das minhas deficiências e já sabia muito antes de tudo começar, porém agora com o desfecho das coisas eu me sinto preguiçosa, irresponsável e incapaz. Eu tentei, mas definitivamente não tenho talento, não tenho disposição e não quero. Eu queria, mas excluindo toda a dedicação que eu deveria ter tido. Não importa, meu objetivo não é 'vencer na vida'. Aliás, eu não tenho metas ou ponto de chegada, eu apenas vou. Mas não posso negar que não existe sensação pior que a ter que dividir com os outros o seu fracasso.

E não preciso repetir, eu sei que vestibular não prova nada, sei como argumentar politicamente os métodos exclusórios do sistema de ensino universitário. Ok, mas eu não quero. Eu só quero me lamentar.
Despertou e foi Solidão a primeira coisa que viu quando abriu os olhos. Perdidos por um caminho confuso, feito de noite suja e de asfalto estavam seus planos pro futuro, suas idéias sobre o mundo, seus achismos, tudo misturado na lembrança de ontem. Se pelo menos houvesse chuva ajudaria a limpar a maquiagem que escorria dos olhos. Pouco importa, só mais uma noite ruim e já passou. Faz um mês que ele se foi.

Já não pensava nele, não cultivava esperanças de uma conversa franca, de abrir o coração e após comovê-lo com suas tolices dormirem abraçados naquela melancolia pós-reconciliação. Dele só sobrou a camiseta emprestada e a foto que milagrosamente voltou à porta da geladeira. E não era ruim, ele já sabia que não era só mais um, o que mais ela poderia dizer? Não tinha motivos para se prolongar, nunca arrastou pendências para manter vinculos. Ela odeia isso. Ele apenas se cansou dela e se foi. E ele não era só mais um, era ele.

Definitivamente, para ela não importava as rugas que o tempo colocava na cara do amor, ela conhecia, desejava e por consequência amava cada uma delas e suas razões. Mas não fazia nem das suas recordações uma prisão. Ela não está nesse mundo para reviver coisas. Ela só vive o que é novo.

Ele não voltaria, todos nós sabíamos e ela não é diferente de nós. É uma garota comum. Embora às vezes, quando ouve passos pelo corredor, imagina suas botas pesadas marcando o andar tão desigual. Se ao menos lhe arrancasse um suspiro pareceria mais poético, mas ela reconhecia cada porta quando essa se fechava às suas costas. E cada porta fechada é passado. Não destranca e não abre mais.