quinta-feira, 28 de outubro de 2010

um

e passará tão depressa que eu sei e já me sinto feliz em saber que falta apenas um punhadinho de horas e você chegará e encontrará a casa vazia.

eu chegarei depois, aflita pra te contar sobre o dia e a noite. você me ouvirá, demonstrará interesse e vai me beijar na boca cada vez que eu fizer uma pausa.

como eu te esperei. seria um tremendo exagero dizer que esperei como esperam os pingüins(verificar trema). ainda assim esperei, te imaginei e te trouxe até aqui, te desmontei, montei novamente e dormimos no mesmo embalo. uma espera quebrada em partes, mas uma saudade ainda inteira.

eu pedi que você voltasse logo pra casa. você virá quando for a hora. e a hora já está quase chegando.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

quatro

te encontrar, te olhar, te ouvir. você se surpreendeu por eu ser lembrada aí nesse lugar que não é o nosso. ela lembrou o número do quarto e sorrindo disse que sentiu minha falta. eu me senti como que em casa, você disse que eu sou muito legal e de alguma forma isso me fez sentir admirada por você.

eu fui e no caminho comecei o livro. com título e subtítulo. talvez vire um novo blog, se eu puder me dedicar a ele. escrever me consumiu por vinte minutos. então eu parei. é que aquela tristeza que me sussurra ao pé do ouvido as palavras que desfio já não estava sentada no meu ombro. ela não se importa em dar lugar a euforia de estar perto de te encontrar.

você tomou o lugar das palavras, o lugar da minha tristeza, dos meus ais. te amar ora é doce, ora amargo, meus olhos te miram com melancolia só pra ouvir o cochicho baixinho de uma palavra triste e bela, dizê-la a você e sentir seu beijo na minha testa.

o calor vem chegando. e com ele, você.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

oito

o barulho que o computador faz parece o de uma máquina de lavar roupas. só falta ele se mover pela casa. preencho o vazio com barulho mas poderia ser com música. as minhas ou as suas. talvez a do first kiss, não sei. todas as coisas espalhadas e eu só penso que daqui vinte e quatro horas vou correr para você.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

dez

sorriu sem ter achado graça em nada. apenas por não ter algo melhor para retribuir. apenas porque dentro da cabeça a disposição das palavras sempre muda e cada vez que diz a mesma coisa, diz de forma diferente. não ser entendida cansa. se explicar também. abdicar das palavras ditas. emudecer.

lembranças. quente ou frio, antigo ou recente, faz rir e chorar, vale ouro. guardar a lembrança pra além da memória. olhar, mirar, ver, enxergar, perceber, sentir.

eu poderia ser helena, macabéa, maria bonita ou sinhá vitória. mas se eu fosse, como poderia ser amada por você?

domingo, 17 de outubro de 2010

doze

- estou morrendo de saudades. vem pra cá de novo?

- você quer mesmo que eu vá?

- quero

- (emocionou)

sábado, 16 de outubro de 2010

baby, eu queria ir nesse avião...

treze

chuva, parabéns pelo dia dos professores, um bombom. o mundo é só água e eu também chovo. uma dúzia de abraços guardados com meus velhos planos.não mudaremos de rumo e apesar dos planos desfeitos como eu me orgulho de você. você disse que está com saudades. eu nasci com saudades de você.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

quatorze

passou um vento breve, viraram-se muitas páginas. eu saí da nossa toca, coloquei a cara na rua. por onde vou me perguntam, querem saber de você e então eu me lembro. você volta e o dia é só nosso.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

[005] dias com ele

foi como toda menina imaginou que seria: aquela hora que a gente chega e ele está lá esperando com o mais lindo dos sorrisos e o melhor de todos os abraços. é assim que deveriam ser todos os encontros. a mais curta caminhada torna-se cheia de significados simplesmente porque estamos de mãos dadas. eu queria nunca mais soltar a mão dele. queria que as mãos dele, as duas estivessem aqui para apertar as minhas.

a gente chorou e riu e os dias passaram quentes, calmos, cercados de caos e beleza, de pessoas queridas e de outras que desconhecemos.

nos amamos como duas crianças tolas e é o nosso jeito de tocar a vida. sorriu pro dia e sorriu pra mim todos os dias.

sonhei com um emprego de salvar baleias e acho que a nossa vida pede um pouquinho mais de mar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

vinte e dois

amanhã vai virar hoje e amanhã eu te verei quando ficar de noite.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

vinte e três

muito choro, muito sono. uma viagem de ida e volta até rio claro. duas horas pra ir e mais duas pra voltar. no caminho o telefone toca, o ddd é 81. número alto pra um ddd, eu acho. fala rápido que o minuto custa caro, mas tanto a dizer... os cigarros que sempre dividimos e toda a poesia que dividir um cigarro pode conter.

e como quem nunca se esgota estive com ela. ela e suas lindas frases inspiradas em caio fernando. ela de óculos vermelho como um coração. ouvir, entender, compreender e retribuir. te lembrar me alivia, e mesmo nessas horas, em que as pessoas se mostram simples e belas, envolvidos pela alegria triste do que é uma vida. mesmo que seja uma vida dormida em quartinhos de empregada. só. a solidão e mais seis dúzias de garrafas. dentro delas gotas da casa que um dia terá. sua. é a doçura que ainda existe no mundo. eu sinto e mesmo que eu não diga, você entende.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

vinte e quatro

meu socorro hoje foi o aconchego familiar. minha mãe, minha irmã, meus sobrinhos. no carrossel, segurando a gigizinha pra não cair literalmente do cavalo, eu lembrei dos capitães da areia. 'é da hora ser criança, né?' foi o que a carlinha me disse e a gente ficou uma na outra buscando aquela nostalgia boba de irmãs que cresceram grudadas.

pensando nele. a casa, a pia suja, descer o lixo. eu cortei os cabelos, pintei minhas unhas de cor-de-rosa e finalmente encontrei e comprei um chapéu que cabe na minha cabeça grande! não sobrarão coisas por fazer até ele voltar... amanhã já é quarta! por deus, a semana voa e daqui três dias eu vou cair no seu abraço e vai ser tão bom.

ele lá longe com a tal dor nas costas. eu comprei vitaminas com cálcio para os ossos dele. usei o celular alheio e foi tão bom quando se completou a chamada e a voz dele perguntando 'gata?'

estamos sempre juntos quando passa o caminhão que recolhe o lixo. hoje ele não está, mas mesmo assim o caminhão passou. eu olhei pela janela os homens que correm atrás do caminhão, que jogam o lixo pra dentro e levam sabe-se lá pra onde. pra ilha das flores, talvez. desde menina eu sempre achei que em toda cidade existia uma ilha das flores, como a de jorge furtado, mas que na verdade nem é dele. e eu não estava de todo enganada. e olhar as pessoasme faz querer ficar perto, conversar, saber de onde vêm, o que fazem, sobre os filhos, o que comem. e eu me encho de sentimentos instintivos e coletivos pelas pessoas que não conheço.

meu mundo se amplia, o mundo é muito grande e sou eu só nesse apartamento. eu e a lembrança de quando eu te encontrar.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

vinte e cinco páginas

o lugar que ele ocupa em mim sempre foi um lugar de palavras. antes eram só letras, juntas, inúmeras, palavras soltas que eu, porcamente, fazia que se combinassem. e elas ainda estão aqui, embora mais raras, mais vagas e menos melancólicas. ele ocupou o lugar das palavras, vira e mexe ele some com elas e me deixa assim, sem palavras. porque elas gostaram de dividir seu lugar com ele e como se deram bem às vezes ele e as palavras se escondem de mim.

nunca reclamaram do lugar que ocupam na minha vida. nem ele, nem elas. às vezes brigam entre si, mas a verdade é que ele gosta das minhas palavras e elas são caprichosas em se mostrar pra ele. elas confessam, gostam e preferem ficar guardadas e saudosas porque sabem que o que existe no lugar delas é um amor. e é uma delícia confessar que quando não estou fazendo palavras estou fazendo amor.

e não por acaso, hoje eu voltei. porque ele bateu asas e partiu do meu ninho para ares mais quentes. ele voltará e novamente as palavras irão repousar no meu recreio. mas por ora, por esses vinte e cinco dias, contando os quatro em que partirei eu também pra perto dele, serão as palavras que ficarão no lugar dele. vinte e cinco saudades, vinte e cinco carinhos. meu pouco de alívio.