sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

siga as luzes
é lá que se encontra o que é nosso
é lá o nosso descanso
saberemos quando chegarmos
vindos de onde vier
choraremos de alegria
é o nosso retorno

não caminhamos juntos
vamos cada qual por sua estrada
mas eu sei de ti
ainda que sem nome e sem rosto
e tu saberás de mim
quando for a nossa hora
para além das luzes
que nos enche de medo
de ser somente a ilusão imensa
o vazio

acredite-me
é tudo de verdade
não deixe que o mundo te confunda
não deixe que os pés te enganem
não há dor que resista
ao encontro dos que se esperam
e que se buscam

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

quem quer ser um milionário?

acomodei-me na poltrona ainda na incerteza se doze reais seria um preço justo para assistir um recém-premiado com oscar de melhor filme. e um dos filmes mais premiados da década, oito carequinhas! ao meu redor ruidos de pipoca, de refrigerante pelo canudinho e de bocas apaixonadas se beijando. claro, é só uma estúpida sessão de cinema!

pois então que apaguem-se as luzes e começe o espetáculo. o letreiro inicial do filme apresenta uma questão e algumas alternativas de resposta. daí em diante desfia-se uma história de amor que tem como cenário uma Índia muito diferente da índia da novela das oito. e como ponto central um programa de tevê no estilo 'show do milhão'! tá, isso é uma coisa!

outra coisa são os aspectos técnicos do filme. hã? roteiro? direção? atuações? fotografia? trilha sonora? sim, e um pouco mais! não fosse eu uma otimista incorrigível, eu diria que 'slumdog millionaire' é um filme mal feito! que não passa de uma história 'água-com-açúcar', raso em seus argumentos de cunho social, onde expõe pobreza, violência e até conflitos religiosos de uma forma irresponsável e sutilmente parcial, eu diria. danny boyle filmou de forma muito parecida com fernando meirelles [aaargh!]. mas até isso eu soube perdoar! o roteiro é até um certo ponto bem previsível e com vários furos e definitivamente o filme não convence como 'obra-prima', mas aí é que está a questão: não é uma obra-prima, mas tem o seu valor!

o valor de slumdog está no carisma de jamal e no amor entre ele e latika [o amor da sua vida desde sempre]! tornar-se ou não um milionário é uma questão secundária. não há como não torcer por um amor jovem e embalado por uma trilha sonora alucinante e deliciosa de ouvir! o 'happy end' não poderia ser diferente! é tão inevitável e acho que é aí que mora o segredo. é singelo e bonito. ninguém fica torcendo por uma tragédia final impactante que fará o mundo pensar na 'vida como é ela é'! no final é como dizer: qual o problema em sair do cinema sorrindo? nenhum... e aliás: impossivel não achar no mínimo curioso a apresentação dos créditos finais que destoa do filme, mas é muito divertido!

é clichê? clichê é ficar dizendo que tudo é clichê! clichê é ficar pagando pau pra filme 'cabeção' e se sentindo o cult-descoladinho!

a premiação do oscar atende muitos outros interesses além da 'sétima arte em si'. em 2008 um filme que eu considero o primeiro grande clássico do século 21: 'sangue negro' perdeu a estatueta para o insoso 'onde os fracos não tem vez'. [é a minha opinião, ora! esse blog é meu ou não é???]. mas diante dos concorrentes apresentados em 2009, slumdog millionaire é o melhor entre os cinco! não é o melhor do diretor danny boyle, ainda acho que 'trainspotting' é seu melhor momento ['a praia' é algo que deve se esquecido pra sempre!]. talvez o prêmio de roteiro adaptado tenha sido o menos merecido, eu apostava em 'o leitor'! aliás, eu errei quase todas as minhas apostas, diga-se de passagem!

saldo final: slumdog foi uma boa surpresa pra mim e confesso: me encantou! digo isso deixando todos os aspectos não bons do filme!

enfim, depois de doses cavalares de 'jai ho', eu me despeço do caro leitor e comunico que para vossa alegria só voltarei a postar sobre cinema depois do oscar 2010, pra manter a tradição!

nota final: kate winslet é uma ótema atriz! merecia o oscar só pela encenação ao receber o oscar! aaafff ¬¬"

[minhas análises cinematográficas são de doer!]

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

ele disse 'eu te amo' primeiro. e não era admirável que assim o fosse porque tinha aquela incorrigível mania de precipitar-se. mas sabia que não era o caso. a amava desde o dia daquele passeio. desde que encontrou os olhos cor de amêndoa, que afagou os cabelos quase sempre despenteados, que segurou na mão quase sempre indecisa e que ela movimentava enquanto falava. ora a enrolar as pontas do cabelo, ora a segurar o brinco, às vezes na boca, comendo as unhas sempre vermelhas e finalmente de encontro à mão dele, dedos entrelaçados e tudo.

ser objeto do amor de alguém era idéia que sempre a assutou. ela não era bicho desse mundo, tinha aquele espírito solto e asas nos olhos. e um talento incomum de ser detestável com qualquer um que pudesse ter por ela algum afeto. até ele acontecer. ele de jeans escuro e sempre perfumado, ele a jogar levemente a cabeça para trás quando sorri, ele dirigindo concentrado, cantarolando um samba trite, com seu vocabulário limitado e suas idéias ingênuas sobre futuro e família.

eram opostos. ela sempre mais quieta, sempre mais intensa. ele sempre sociável, sempre ocupado. só era certo dizer que de igual eles possuiam um encanto recíproco e era o que lhes mantinham firmes e fiéis.

'eu te amo' ela ouviu e apenas sorriu e lhe beijou na boca. no escuro, sentindo o respirar calmo enquanto ele se entregava ao sono e aos sonhos, ela pode responder baixinho: eu também, benzinho. eu também te amo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

juro...

que eu sempre sonhei em passar o domingo de carnaval acompanhando a entrega do oscar por um chat, conferindo minhas 'apostas' para cada categoria! e confirmando o que todo mundo já sabia: minhas previsões cinematográficas só não são mais ridículas que o próprio oscar!!!


não acredito que vou perder três títulos em dvd para um bando de nerd's!!!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

quero agradeçer a quem corresponda

obrigada por se esforçar em superar as minhas expectativas
obrigada pelas verdades banais e obrigada pelas mentiras perfeitas
obrigada pelos passeios sob a chuva e pela sombra sob o sol
obrigada por me tirar da monotonia dos meus dias sempre tão iguais, das minhas noites em claro. obrigada por ser chato como um filme iraniano e me dar sono.
obrigada por se fazer de burro e me deixar sentir mais esperta, mais bonita e melhor de cama que você.
obrigada por não cortar as unhas dos teus dedos da mão tão rente a carne e por me deixar roe-las.
obrigada por teus dedos que me tocaram certinho, e me fizeram sorrir de olhos fechados. e foi tão bom.
obrigada por beber comigo, por me fazer rir mesmo sem vontade, por me fazer esquecer, ainda que por poucos momentos que a tpm existe.
obrigada por ouvir as minhas esquisitices de garota sozinha no mundo.
obrigada por me fazer acreditar que por um momento eu tive alguém nesse mundo. que um dia, alguém me quis contente.
obrigada pela desilusão [eu não disse decepção] do que te imaginei.
por um momento eu quase acreditei. obrigada por me lembrar que não.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

até uma pedra de calçada sabe: eu não valho nada. e não perco uma oportunidade de ser ridícula. ou melhor, perco quando alguém mais disposto ao ridículo chega na minha frente. droga!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

amo

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

eu até me importaria, mas apenas se isso fizesse alguma diferença pra você. porém, eu te imagino e deve ser mesmo assim, que você franze a testa e entorta a boca cada vez que pensa na minha pessoa. eu. eu e o precioso tempo que eu passei tentando claricear e te impressionar e você apenas entorta essa sua boca bonita, como se eu fosse um doce azedo, ou uma comida que não lhe caiu bem [aqui, caro leitor, sinta-se a vontade para fazer uso do duplo sentido, hã?].

minhas lindas unhas vermelhas, meus dedos a equilibrar um bastão cancerígeno que agora está sujo de batom. assim como a sua boca, toda borrada, como a do coringa de heath ledger e por quê? porque eu não resisti ao teu beicinho de desprezo e contra a sua vontade, pulei no teu colo, agarrei-te o rosto com ambas as mãos e te beijei na boca, um beijo daqueles bem molhados e cheios de língua! você tentou se esquivar, como se eu fosse uma cadela a te lamber a cara e eu [como uma cadela] nem me importei. porque não me importo com essa imagem que você faz de mim, se é que faz alguma. e não me importo porque agora me parece tão patético sua boca borrada do meu próprio batom, como se você tivesse devorado uma macarronada com muito molho e estivesse muito satisfeito e eu sei que você está!

eu te amo por você ser um homenzinho desprovido de qualquer talento, dotado talvez de um raso conhecimento, pouco além do saber da maioria dos seres que habitam esse mundo e que comparando-se aos tais, você se acha infinitamente superior. afinal, quem nesse mundo [além de você] é tão descoladinho?

você se levantou irritado, eu ofereci minha blusa para que se limpasse. você pareceu se ofender, mas aceitou só para não sair pela rua com a cara do bozo. abaixou-se e passou os lábios pelo avesso da minha blusa, a boca perto do meu umbigo. instintivamente cerrei os olhos. e você não notou. você se foi pelas ruas, recusando minha oferta para que ficasse até cessar a chuva. você não quis, preferiu seguir molhando a camisa de listras horizontais que fazem seus ombros parecerem mais largos. mas não se iluda, ela te deixa mais gordo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

fim de férias

e internet é o tipo de combinação que não anda fazendo bem pra minha cabeça, saca? todos os dias eu me apaixono virtualmente pelo menos umas vinte vezes por dia. [argh!]

desse jeito, meu coração leviano não aguenta...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

declaração de amor

ele é meu alter ego masculino. por ele eu desisti de ser homem!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

quem eu sou, quem eu não sou, quem eu fui, quem eu queria ser.

eu sou música sempre. samba mpb rock blues. assim mesmo, tudo junto. mas não sou dança. sou bem paulista, sem gingado, sem molho, nem ritmo, nem nada.

sou cinema. acompanhada ou sozinha, em casa ou em salas de exibição. às vezes sou blockbuster, às vezes alternativo, de qualquer canto do mundo. cinema bom é o que me emociona, o que me faz pensar, o que me choca e o que me diverte também. sou rever os filmes favoritos, sou discussões filosóficas, argumentos sem fim. sou walter salles e não sou fernando meirelles.

sou bar, sou violão, sou 'toca aquela', sou roda de amigos, sou mais os amigos não convenientes. os que não estão no trabalho, na sala de aula, não estão na rotina, mas que se mantém firme e fiel.

sou livros. muitos. sou romance, biografia, filosofia, contos e sou muita poesia. sou livros novos, velhos, amarelados, de páginas rabiscadas ou arrancadas, sou os emprestados na biblioteca, os comprados no sebo, com dedicatórias na primeira página. sou os meus e sou os teus. e se eu amar, não vou te devolver, porque sou os livros roubados também.

sou cozinha, sou aventuras gastronômicas e sou satisfação! do arroz com feijão ao caviar.

sou mau e bom humor, sou agradável e detestável, sou tpm e muitas lágrimas. não sou [a mais]engraçada. não sou popular. não estou no centro de nada. não sou balada, mesmo as conversas ao pé do ouvido precisam me cativar.

sou a calma, sou curiosidade, sou mais ouvir e não é por não ter o que falar. é só porque sou interesse pelos outros, por suas histórias.

sou solidão. sou tardes no sofá lendo ou pensando em nada. sou tarde a fumar na rede. sou exigente comigo em relação a outros e pouco exigente com outros em relação a mim. [qualquer babaca me distrai]

sou gostar da cidade, do campo e do mar. sou adaptável. sou gostar de crianças. sou amar as crianças. sou brincadeira, muito doce e nariz de palhaço. sou gostar de bicho e de jardim. sou lírio, antúrio e hibisco.

sou preservar o que é antigo. velhos amigos da mesma rua, professores do colégio, primos que moram longe. e coisas também. sou muitos souvenirs e sou relicário.

às vezes sou preguiça. mas sempre me disponho para os meus.

sou aqui. me encontro aqui e sou momento.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

odete

sérgio sampaio [cara que sabia das coisas...]



não é vivendo que se aprende, odete!
mas é vivendo que se aprende a viver

a vida passa, eu fico louco
fico rouco, fico pouco me importando
com o que vai acontecer

a vida passa, eu fico louco e rouco
fico pouco me importando
e preocupado com você

você é mesmo carne de pescoço
você é burra como não sei o quê

eu rôo um osso desde um tempo antigo
desde um tempo lindo
ao conhecer você

você é mesmo essa cabeça antiga
e tudo isso com a preocupação
de ter na vida o bom de tudo e nada
eu falo da chegada
ou de ir embora, agora
neste caminhão
ou de ir embora agora
neste avião
ou mesmo viajar de trem

muito bem

que maravilha
por entre bancários, automóveis
que maravilha...
eu não necessito.
apenas quero.
e quero aos excessos!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

saudades

eu não tenho saudades de nada. e não é que eu seja muito auto-suficiente, não é que os que partiram ou estão distantes fisicamente não me façam falta. é só que o que está vivo naturalmente em movimento permanece ao meu alcance somente o tempo que tem de permanecer. não gosto desse umbiguismo de querer tudo sempre por perto, esse 'forçar amizade', como se as relações fossem coisas que se pudesse barganhar!

talvez aquilo que mais me ensinou a aproveitar ausências outros diriam que é minha pior dor e de fato é. mas eu aprendi que não se lamenta, não se chora pelos que escolheram uma morte consentida. pelos que souberam determinar seu próprio tempo nesse mundo e dizer: me basta! é só uma questão de conviver com escolhas e quando acontece fica tudo mais claro. daí pode ser até um telefone que perdi, um livro que esqueci, um filme que emprestei e não me devolveram, um carro que nem era meu e me roubaram, um amor que foi morar do outro lado do mar. tudo é substituivel, só é preciso deixar que as coisas sigam... indo ou vindo por onde quiserem.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

desenho de céu

diga-me que em algum lugar
entre as paredes de onde moras
e o vazio dos que não te habitam
existe e persiste, firmemente
um desenho do nosso passeio no céu

o nosso céu
aquele que nos pesa
daquela vez claro, rabiscado de nuvens
lindo e convidativo como águas rasas
onde nos atrevíamos mergulhar

o céu noturno
escuridão que não nos tomou de assalto
nosso almejar por estrelas
quantas coubessem entre nossos dedos
quantas se despejassem
ao ponto de inundar nosso céu de luz e canção

o céu tempestivo
de nuvens baixas e pesadas
cheirando a chuva que enfim se derrama
e o faz como se fossemos nós a própria chuva
e nós somos
gotas unidas a escorrer para dentro da terra

encontre o nosso desenho
retome nossos passeios
ainda que só e distante
não se desprenda da nossa lembraça
rabiscada em grafite cinza
(a mais triste das cores)

permaneça no colorido
alegre e frágil de pipas e rabiolas
que dançam no céu que é nosso
nesse vento de verão
que sopra de qualquer canto da terra
vem, e passeia comigo