domingo, 31 de agosto de 2008

suas lágrimas

se nem todas as letras, bem ou mal colocadas podem explicar as coisas que transitam em meus pensamentos. como posso eu, uma simples criatura, uma alma que não consegue encontrar lugar no corpo, representar tudo isso?

se meus sentimentos me traem e a minha voz fica presa nesse nó e engasga em si mesma, calando na boca esse grito. enchendo-a de terra e mastigando terra e engolindo terra até que a terra seja eu mesma também.

não há mais como apagar de mim aquele nosso momento e ver as suas lágrimas me fez sentir as minhas também. e elas rolam fáceis pois são por ti.
por esse nada que restou. p
por essa peça que a vida nos pregou...

o mundo

e se o mundo nos unisse?
ao invés de nos manter
nessa distância cheia de ausência.

e se o mundo fosse como um laço de fita?
fita de cetim na nossa cor preferida.
e se nesse laço coubesse as coisas que não nomeamos.

e se o mundo fosse mesmo muito pequeno?
se fosse impossível se perder
se todas as placas fosse legíveis
e explicativas em nosso idioma.

eu te encontraria.
com a facilidade de um menino que descobre as águas.

nos encontraríamos e não por acaso

porque o mundo é estreito demais
porque no meu caminho inevitavelmente
estava o teu.

por uma noite apenas, ou por uma vida
minhas mãos buscam as tuas
e as tuas indecisas

terça-feira, 26 de agosto de 2008

o grande problema de apartamentos é a ausência de jardins. que os síndicos costumam tentar amenizar com canteirinhos mal cuidados na entrada do edifício. eu nunca derrubei um vaso na sacada do vizinho de baixo, muito menos na cabeça de alguém...

uma plantinha pra chamar de minha? eu tenho desde que nem sabia dizer árvore. plantamos na calçada de casa. papai, carlinha e eu. afogávamos a coitada todos os dias, ainda assim ela resistiu! está lá até hoje. na calçada da casa de mamãe.

é estranho chamar a casa que chamou de sua a vida toda de 'casa da minha mãe'. porque não sinto que essa casa onde moro agora é minha. e ela de fato não é. não que o sonho da minha vida seja ter uma casa, mas é que eu ainda nem arrumei as coisas, não coloquei nada no lugar. não ficarei por muito tempo. até o fim do ano, talvez. talvez menos... talvez um dia eu acorde e ache que esse lugar tem a minha cara e que eu poderia morar aqui pra sempre, e eu encheria minha casa de flores...

mas não estou a fim de tentar fazer daqui o meu lugar...

sábado, 23 de agosto de 2008

tudo novo de novo

'vamos nos jogar onde já caimos'

eu já vou me acostumando com toda essa inconsistência... toda essa incerteza. e já não me apavora. creio que nunca me apavorou. não me assusta o peso da resposabilidade por certas escolhas. no entanto, ainda sou menina. que se equilibra no meio fio e brinca com os pés na água. mas menina que paga contas. menina que ainda faz planos. ainda que não sejam planos de 'felizes para sempre fim', planos de lugares por descobrir, de coisas por fazer. sem a pressa de quem quer viver tudo de uma vez. sem medo de não acordar amanhã de manhã. um dia em cada canto, um canto pra repousar. o lugar onde a alma descansa no aconchego do silêncio. as pessoas que quero por perto. ainda que do outro lado do mundo. os amigos de infância e os novos amigos de infância. o riso não é por teimosia, nem por obrigação. não faço das lágrimas argumentação, apelo. os insistentes fios brancos até que me divertem. fico me sentindo uma quase senhora. os quilos a mais, esses sim, me tiram o bom humor. olho ao redor. inspiração é uma menina caprichosa. fico por aqui.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

o meu nome

o meu nome fica mais bonito
quando é dito pela tua boca
meu pensar se perde
nas letras que brincam entre teus dentes
passeiam na tua língua
e se desfaz em som
pra dizer meu nome
que fica tão mais lindo
porque combina com o teu sorriso
porque tem o cheiro do teu hálito
porque dito assim nem parece que é meu

e se tua boca não me chama
e se tua voz se faz muda
e se entre nós existe o mundo
a cidade
as horas
os desencontros
e os encontros errados
o que me fará lembrar?
se outros chamam pelo nome que não é meu
se eu não sei como me chamam
porque meu nome se perdeu
porque agora meu nome é o teu

em 11.07.2007

domingo, 17 de agosto de 2008

não diga 'aline'

o grande incômodo está em te ver.
eu posso tranquilamente conviver com a lembrança dos poucos momentos, com as coisas pequenas que consegui registrar ao teu respeito, com o gosto de nada que têm o teu beijo. tenho boa memória. e esses pensamentos nem ocupariam tanto tempo e espaço, visto que tenho outras coisas pra pensar também.

enfim, a questão é que eu prefiro quando não te vejo. e prefiro especialmente que você não me veja. que não me olhe com esses olhos de criança, que não pronuncie meu nome.

porque tua boca faz um movimento bonito quando fala o meu nome. tão bonito que até o meu nome fica mais bonito quando tua boca fála.

porque toda vez que nos vemos meus pensamentos saltam dos meus olhos e se mostram pra você.

e a certeza de que você sabe provém do fato que eu mesma te fiz saber. que te contei, impulsivamente, que tua lembrança sempre me visita, que a tua existência causava em mim um desconforto e uma inquietação que me agradavam...

assertividade e objetividade não têm o menor charme!

e você fez que não era contigo e foi por aí pelo mundo, viver o que é teu.

mas a gente sempre se vê. porque temos interesses comuns que nos levam fatalmente àquele lugar. e eu prefiro nem te olhar... como eu fiz hoje. sabia que estava ali, nem trinta metros pro meu lado esquerdo. acompanhei mentalmente teus movimentos e na hora de ir, saí olhando o chão... e agora você fica passeando aqui por minha cabeça... pára!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

adoráveis professores

outro dia encontrei um antigo professor de matemática dentro de um ônibus. estava ali, em pé, esperando o troco do cobrador quando o vi.

normalmente eu fingiria que não o reconheci [apesar dele não ter mudado nada!] ou fingiria que não o vi... porém, percebi que ele fatalmente me reconheceu. pior: lembrava meu nome!

'oooi, aline! quanto tempo!'

'oi, professor...' [osmar? edney? claudio?] não conseguia lembrar o nome dele.

mas de uma coisa eu me lembrava bem: ele me reprovou em matemática no primeiro ano do colegial! e eu o odiava por isso! e estava odiando tê-lo ali na minha frente!

ele estava com um outra professora ao lado... às vezes dava aula como eventual na escola onde eu estudava... também não consegui lembrar o nome da perua...

'e aí, aline? se formou'

'eu? então... eu fiz serviço social' [o que não é mentira!]

o idiota então, vira-se pra professora perua e solta:

'aahh... a aline era avoada, avoada...'

[sim, eu era avoada! e precisei de cinco anos de terapia prá poder dizer 'meu apelido dos tempos de escola' sem chorar!]

'ainda gosta de escrever, aline?'

gosto...

[não é exatamente gostar... talvez: necessidade desejo, necessidade, vontade]

olha professor, meu ponto é o próximo... [mentira!]

bom te ver! [mentira!]

manda um abraço pra glorinha, diga que estou com saudades! [verdade! minha linda professora de português, da oitava série!]

desci dois pontos antes do meu e fiquei matutando nessa coisa de guardar rancores passados... xinguei mentalmente, pelo menos por uns dois dias o professor que me reprovou no primeiro colegial quando eu tinha quinze anos! aproveitei pra xingar uns outros que também me reprovaram! um inclusive, que não contente em me reprovar uma vez, me reprovou duas vezes! dois anos seguidos! maldita quimica!

descobri que, não raramente eu me prendo a essas dores passadas...

todas as vezes que me lembro que minha mãe quebrou minha boneca preferida, propostalmente na minha cabeça, durante um dos meus surtos de rebeldia adolescente, sinto uma mágoa... um certo rancorzinho...

e num outro dia, descobri que um garoto que puxou a minha saia e me deixou de calcinhas na rua, na frente de todo mundo, quando eu tinha sete anos, hoje é pai de um dos meus aluninhos.

uma garota cheia de rancores... credo!

só ando

'aline, por que você anda assim, tão arredia, tão arisca?'

'não sei. só ando'

uma única cerveja numa quinta-feira a tarde. acompanhada daqueles amendoins apimentados, com casquinha vermelha. sozinha num boteco mal visto, com cheiro de churrasquinho de gato.

eu, me divertindo com as pessoas que olhavam de dentro dos carros que passavam. aquele olhar repetido. olha e automáticamente olha de novo. uma garota de shorts e chinelos tomando cerveja sozinha com aquele vento todo.

um velho gordo e barbudo pára o carro, entra no bar e sai com quatro maços de cigarros.

'você embeleza o nosso bar!'

'obrigada!'

'você vem sempre aqui?'

'às vezes, eu moro ali na rua de cima...'

acendo um cigarro. dos meus, não dos do velho!

uma patética sensação de transgressão me toma conta! é como se minha conduta fosse uma ofensa ao mundo! uma afronta!

idiota! sua vida despencando e você no boteco sujo da esquina tomando cerveja com amendoim e fumando! você só fuma quando quer irritar alguém!

bingo!

besteira qualquer... eu sou ridícula...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

arte de adiar

é o sentimento que me toma hoje.
olho para as caixas, para os armários, para as coisas espalhadas pela cama. ao final, só precisarei afastar tudo para o chão se quiser me deitar e dormir.
mudança: o que levarei? o que ficará? o que descarto? o que é realmente necessário e quantas coisas que eu jurei um dia que seriam úteis, que faria uso continuam esquecidas entre tantas outras.
cadernos, bloquinhos de post-it, alguns versos espalhados, desenhos, bilhetes trocados. dói no coração desfazer deles. um dia ainda dividirei com o mundo todas as sentimentalidades perdidas nos rodapés dos cadernos e dos textos 'xerocados'. tempos de faculdade. uma tempestade de informações desfilando a minha frente todas as noites, aquelas vozes que diziam coisas que deveriam me importar, e eu no meu lugar, apontando compulsivamente meu lápis (chegava a ser dois ou três por semana), escrevendo cartinhas, fazendo caricaturas bizarras da professora.

enfim. cada coisa que agora movo de lugar me remete a algo que passou ou que não aconteceu.

fotos. muitas. rostos presos em três por quatro. ah, a polaroid! mais de dez anos atrás. os álbuns que eu jurei pôr em ordem há tempos.

sapatos. sequer tenho ocasião pra usá-los. lindos e desnecessários. guardados dentro das caixas, desde o meu último dia de 'quase assistente social'.

os gibis, os vhs da videoteca da folha de são paulo. os dvd's dos cavaleiros do zodíaco. quanto apego eu já não tive a essas coisas. ainda me lembro da aline pela casa: quem pegou a edição 207 do cebolinha??? mãe, tem uma história lá que é continuação de outra que está na edição 180!!! vou matar se sumirem com meu gibi!!! hoje são só papéis que eu nem me lembro a ultima vez que me estiquei no sofá com a caixa de gibis do lado.

os dias vão passando. e mais uma vez vou por aí procurando o meu lugar... amanhã eu me mudo. ou sábado. ou na próxima semana. enquanto posso sigo adiando... sim, eu gosto da minha casa. não, eu não queria me mudar. continuo naquela auto-sabotagem. caixas, caixas, caixas. coisas que vão pro lixo, coisas que permanecem. como tudo nessa vida.

nostalgia excessiva. respiro fundo, vou pro mundo!

'vamos não olhar pra trás e olhar pra frente!'

terça-feira, 12 de agosto de 2008

eu já fui dada a questões políticas. não exatamente uma militante fervorosa, não exatamente de uma intelectualidade profunda, mas em determinado período da minha vida, me dediquei a militancia política por aquilo que considerava certo, justo e possível.

faz uns dias que venho matutando algo sobre esse assunto, que fosse de alguma relevância e que pudesse ser partilhado, ou não...

hoje em dia é muito comum ouvir a frase 'politica não se discute'. na verdade, no meu tempo era só gosto que nao se discutia. hoje em dia é 'religião não se discute' pra cá! 'futebol não se discute' pra lá! 'politica não se discute' por acolá. e gosto a gente contua não discutindo... mas lamentar, pode!

na verdade, tudo se tornou 'indiscutível', o que na minha modesta opinião, nada mais é que um senso comum de acomodação e aceitação com relação às coisas do mundo. o famoso: 'é sempre assim mesmo'!

enfim, mas o que eu queria realmente dizer, é que outro dia estava indo trabalhar de ônibus, e estava com o fone de ouvido conectado numa rádio qualquer no celular (meu celular é pobre não toca mp3) quando ouvi um anúncio da 'justiça eleitoral', desses que eles sempre fazem em época de eleição. o que me chamou atenção é que o narrador do anúncio dizia mais ou menos o seguinte: 'a eleição de maus políticos é prejudicial pra sua cidade, pra você e pra sua família' 'pense bem antes de votar' 'o seu voto decide' e blá blá blá...

eu fiquei ali ouvindo aquilo, e não sei se a minha capacidade interpretativa das coisas está comprometida, mas eu pensei: puxa, muito fácil jogar a responsabilidade pela corrupção nos eleitores.

a partir daí desenvolvi o seguinte raciocínio.

primeiro: um cara que se elege qualquer coisa, vereador por exemplo, tem diante de si uma série de facilidades que tornaria qualquer ser incorruptível em um corrupto em potencial! carros, hotéis, notas, um salário razoávelmente alto se comparado ao da maioria da população e muitas vezes, muitíssimos maior do que esse cidadão dispunha antes de se eleger, e de certa forma, o comando da situação. só isso já fará qualquer sr. boas intenções vender até a mãe pra continuar na 'situação' depois de quatro anos! e o fator que na minha opinião é o principal: impunidade. sempre os mesmos escândalos, as mesmas manobras judiciais, os barracos da tv senado, que viraram passatempo, quando o filme da sessão da tarde é reprise de algum blockbuster anos oitenta! sempre dinheiro sujo rolando ao bel prazer, aqueles papelões que a gente vira e mexe vê por aí e no final, aquela mesma sensação de ser feito de palhaço por essa gente. sorrizinhos, tapinhas nas costas, super advogados e essa tal justiça. fraca, falha que só é justa a quem lhe convém.

e por que diabos o homem lá do rádio ficou dizendo que a cupa é minha? que é nossa? dos mortais? daí entra aquela velha história de que hoje em dia tudo é normal, sem questionamentos. o importante é fazer suas orações uma vez ao dia e o resto entrega na mão de deus. por que é assim que é.

é só um cara boboca falando no rádio, na televisão, no jornal das oito...

o que foi que ele disse mesmo?

que gente doida... época de eleição é sempre assim... essa gente fica dizendo cada asneira...

talvez isso tudo esteja super mal escrito, e está! no final são só divagações. não me levem a sério...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

hoje você deu azar...

eu não sou exemplo pra ninguém. nem bom, nem ruim. e odeio [entendeu bem? o-d-e-i-o!] ser citada como parâmetro de comparação.

'mas naquele dia, mas daquela vez, mas você, aline, você fez isso e aquilo, assim e assado'

e daí???

quem disse que alguém tem que aprovar meu métodos? quem pode dizer se meus motivos são justos ou não além da minha própria pessoa? quem pode me obrigar a uma determinada postura previsível e polida, se pra mim é uma postura não adequada ao que eu considero aceitável?

mas as pessoas insistem, desenterram situações, citam exemplos bizarros e irrelevantes acontecidos a tempos remotos, não se cansam da hipocrisia que é essa história de trabalho em equipe, e não percebem que a vida e as relações humanas não são uma merda de uma palestra motivacional...

e a aline ali, matutando o que tinha de tão horrível em querer proporcionar a algumas crianças momentos mais livres, mais leves, mais soltos...

se a vida adulta exige um milhão de regras pra se estabelecer um bom convívio social, por que diabos a infância precisa ser uma preparação pra essa vida???

a gente tem a vida inteira pra ser adulto, e um mundo inteiro nos esperando crescer pra nos massacrar. eu só quero que as crianças possam desfrutar de alegrias e brincadeiras sem precisar que nada lhes seja imposto ou forçado. mesmo que isso resulte em uma grande bagunça. porque bagunça diverte, alivia, faz feliz...

tudo isso permeia minhas idéias, porém, diferente das crianças, adultos acham que as verdades estão prontas e acabadas...

diante do tratado de tordesilhas que se desenrolava a respeito dos meus métodos 'não-pedagógicos' de trabalho, de estômago vazio e esgotados os argumentos, e gente tentando fazer de mim um 'fator de risco' com relação ao futuro brilhante de indivíduos cuja idade não ultrapassa os trinta e seis meses de vida...

porque EU, querida, tenho trezentos e quarenta e sete mil, oitocentos e cinquenta anos de profissão! EU sei e você, querida, tem que aprender!

eis que encerro a discussão da forma mais profissional e amigável possível:

'aaaahhh! fulana, quer saber? vai à merda do caralho e não me enche o saco! e quer saber? vou almoçar...'

apelativa? ela que começou, me chamando de 'querida'!

querida é o diabo! a pqp!

segunda-feira terei problemas...

=/

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

ela tem o que fazer. e muito! trabalho pendente, armário revirado, cama desarrumada, móveis empoeirados, roupas pra lavar.

ela comprou filmes em dvd, mas ainda não assitiu, assim como a maioria dos que enfeitam a estante. comprou bebidas e cigarros. imaginou a melhor semana da sua vida, embora nela não estivesse incluído nenhum sexo.

ela bebeu sozinha, pediu pizza, deixou a louça suja, cantou e dançou pro espelho, transitou pela casa de camisola e sem calçinha, vomitou, e agora está na espectativa de receber do mundo alguma atenção.

pra que?

três malditos dias pateticamente aproveitados e que não lhe renderam nada além de ressaca e coisas pendentes... o que fará até sábado?

mas o incômodo não lhe pesa o suficiente pra fazê-la mover-se da frente do computador. prefere a procrastinação. e por alguns dias continuará fingindo que leva uma vida suja e desinteressada, num mundo-cão que ela ignora na mesma proporção que é ignorada por ele.

ela não se importa. e ainda há bebida suficiente na geladeira.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

gaiola

'deixa chegar o sonho, prepara uma avenida que a gente vai passar!'

aqui se encontram e se misturam
meu silêncio e meus sons
e não viajam o pensamento e o pensar
porque dentro de mim mora um pássaro
com asas curtas demais pra voar pra fora
se contenta em morar
no meu coração-gaiola
e canta assim
baixinho no meu peito
às vezes uma cançãozinha triste
lembrando-se dos dias livres que não viveu
outras muitas um canto tímido de alegria
quando seus olhos repousam nos meus