o grande incômodo está em te ver.
eu posso tranquilamente conviver com a lembrança dos poucos momentos, com as coisas pequenas que consegui registrar ao teu respeito, com o gosto de nada que têm o teu beijo. tenho boa memória. e esses pensamentos nem ocupariam tanto tempo e espaço, visto que tenho outras coisas pra pensar também.
enfim, a questão é que eu prefiro quando não te vejo. e prefiro especialmente que você não me veja. que não me olhe com esses olhos de criança, que não pronuncie meu nome.
porque tua boca faz um movimento bonito quando fala o meu nome. tão bonito que até o meu nome fica mais bonito quando tua boca fála.
porque toda vez que nos vemos meus pensamentos saltam dos meus olhos e se mostram pra você.
e a certeza de que você sabe provém do fato que eu mesma te fiz saber. que te contei, impulsivamente, que tua lembrança sempre me visita, que a tua existência causava em mim um desconforto e uma inquietação que me agradavam...
assertividade e objetividade não têm o menor charme!
e você fez que não era contigo e foi por aí pelo mundo, viver o que é teu.
mas a gente sempre se vê. porque temos interesses comuns que nos levam fatalmente àquele lugar. e eu prefiro nem te olhar... como eu fiz hoje. sabia que estava ali, nem trinta metros pro meu lado esquerdo. acompanhei mentalmente teus movimentos e na hora de ir, saí olhando o chão... e agora você fica passeando aqui por minha cabeça... pára!