quinta-feira, 14 de agosto de 2008

adoráveis professores

outro dia encontrei um antigo professor de matemática dentro de um ônibus. estava ali, em pé, esperando o troco do cobrador quando o vi.

normalmente eu fingiria que não o reconheci [apesar dele não ter mudado nada!] ou fingiria que não o vi... porém, percebi que ele fatalmente me reconheceu. pior: lembrava meu nome!

'oooi, aline! quanto tempo!'

'oi, professor...' [osmar? edney? claudio?] não conseguia lembrar o nome dele.

mas de uma coisa eu me lembrava bem: ele me reprovou em matemática no primeiro ano do colegial! e eu o odiava por isso! e estava odiando tê-lo ali na minha frente!

ele estava com um outra professora ao lado... às vezes dava aula como eventual na escola onde eu estudava... também não consegui lembrar o nome da perua...

'e aí, aline? se formou'

'eu? então... eu fiz serviço social' [o que não é mentira!]

o idiota então, vira-se pra professora perua e solta:

'aahh... a aline era avoada, avoada...'

[sim, eu era avoada! e precisei de cinco anos de terapia prá poder dizer 'meu apelido dos tempos de escola' sem chorar!]

'ainda gosta de escrever, aline?'

gosto...

[não é exatamente gostar... talvez: necessidade desejo, necessidade, vontade]

olha professor, meu ponto é o próximo... [mentira!]

bom te ver! [mentira!]

manda um abraço pra glorinha, diga que estou com saudades! [verdade! minha linda professora de português, da oitava série!]

desci dois pontos antes do meu e fiquei matutando nessa coisa de guardar rancores passados... xinguei mentalmente, pelo menos por uns dois dias o professor que me reprovou no primeiro colegial quando eu tinha quinze anos! aproveitei pra xingar uns outros que também me reprovaram! um inclusive, que não contente em me reprovar uma vez, me reprovou duas vezes! dois anos seguidos! maldita quimica!

descobri que, não raramente eu me prendo a essas dores passadas...

todas as vezes que me lembro que minha mãe quebrou minha boneca preferida, propostalmente na minha cabeça, durante um dos meus surtos de rebeldia adolescente, sinto uma mágoa... um certo rancorzinho...

e num outro dia, descobri que um garoto que puxou a minha saia e me deixou de calcinhas na rua, na frente de todo mundo, quando eu tinha sete anos, hoje é pai de um dos meus aluninhos.

uma garota cheia de rancores... credo!