terça-feira, 29 de março de 2011

venci o sono e perdi pra mim mesma

mergulho em lembranças e me afogo em saudades. vivo do que eu sinto, sou cada vez menos razão. esforço inútil em permanecer firme, desfaleço, choro, renovo as mágoas, busco abraços.

é compreensível que me deixe levar pela crítica mal fundamentada, não sou pessimista, quero alegria nos meus dias. o mundo não é bom, o dinheiro é pouco, a paixão é vidro e eu sou uma débil mental que não consegue conviver com as próprias frustrações.

ela engoliu cinquenta comprimidos pra ter aquele pouco de atenção que todo mundo quer. mas ela queria mais que o todo mundo, queria só pra ela. não sei o que farão com a sua barriga ou com seus rins, mas eu sei o que eu gostaria de fazer com a sua cara: encher de socos. não pela tentativa. da única forma possível eu aprendi a respeitar a decisão dos que sabem quando a vida lhes foi suficiente. chego a ter uma ponta de admiração; eu queria enche-la de socos na fuça pela tentativa ter sido um sucesso com requintes de drama: além de não morrer, ela conseguiu que o mundo parasse em torno de si. as pessoas se preocuparam, as pessoas choraram, as pessoas se deslocaram, não dormiram a noite, se culparam pelo passado e tiveram medo do futuro. ela não morreu.

a minha vida segue, cheia de dúvidas, de crises, de demandas, cheia de mundo nas minhas costas. a vida dela provavelmente seguirá com tudo isso e algumas mazelas a mais. os laços que nos une não me dão o direito de interferir na sua história, no seu caminho. e eu não o faria de qualquer jeito. se quer ir, que se vá, mas não vacile no caminho.

quarta-feira, 2 de março de 2011

eu trago o lixo para dentro

ela estava bem na minha frente e de repente a parede atrás da sua cabeça começou a balançar pra lá e pra cá e não era só uma moça loira introduzindo algo na veia do meu braço esquerdo, eram duas e o braço esquerdo, coitado, um só. dormi e ao acordar tive que encarar fotos horrendas do meu aparelho digestivo ou digestório, que seja. pro diabos essa gente que muda o nome das coisas e vem dizendo: o termo que se usa agora é...

foda-se. sou uma magali. amo comer. comer de tudo. agora resolvi ficar cheia de dedos. é que dói, gente. dói uma dor até bastante suportável, mas constante, irritante e indigesta. dói e me deixa nesse azedume: sem alcóol, sem fumo, sem gordura, sem açúcar, sem sal, sem pimenta, sem molho. vida destemperada.

comi o medo que me ronda de morrer aos vinte e sete vomitando bolas de sangue com câncer no estômago.

é só gastrite.