sábado, 27 de junho de 2009

hoje e o momento

eu senti que hoje seria o dia. e essa hora seria o momento. talvez por minhas mãos estarem geladas ou por eu ter escolhido o silêncio, ao invés de encher a casa de melodias. os seus olhos já estão registrados. não os esquecerei, pois tenho uma memória seletiva, porém eficaz. eu desconheço os seus números, toda essa sua exatidão, mas reconheço quando me sorri, me pisca com um olho e se dispõe a partilhar comigo algo que vai um tanto além dos simples momentos de conversa corriqueira. a gente partilha um pouco de vida. você às vezes ri e desdenha do meu time quando falamos de futebol, eu me irrito e você ruboriza quando eu te mostro a língua.

hoje você está especialmente bonito e penso que dito isso, fica claro um motivo convincente que justifique o agora. meu desejo de voltar-lhe pensamentos e dizer sobre você nesse momento, não somente, mas no seguinte e no próximo. todos os momentos que eu possa dedicar a pensar na sua figura aquecendo com o sopro da tua boca minhas mãos frias. todo o tempo que eu gasto juntando as palavras que deslizam nos teus dentes e se espalham pelo espaço entre nós. espaço esse que tende a se estreitar à medida que se passam as horas, que te trazem até aqui, que colocam uma das tuas mãos na minha cintura, a outra no meu pescoço e tua língua dentro da minha boca.

o encanto está no momento. eu te amo e esse é o nosso momento. te amo um amor incerto, um amor que não jura e que sempre muda. é o meu encanto e é pra você.

domingo, 21 de junho de 2009

"ganhei (perdi) meu dia.
e baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaça, num suspiro.

gastei meu dia. nele me perdi.
de tantas perdas uma clara via
por certo se abriria
de mim a mim, estela fria.
As árvores lá fora se meditam.
o inverno é quente em mim,
que o estou berçando,
e em mim vai derretendo
este torrão de sal que está chorando."

tio carlinhos

quinta-feira, 18 de junho de 2009

as pessoas não entram em nossas vidas e por esse motivo, também delas não saem. hoje, com a cabeça encostada no vidro do ônibus, sentindo o balanço da viagem, treze horas, hora de vir pra casa. as pessoas simplesmente exitem. e as existências se encontram em algum momento e se desencontram em outro. só isso. às vezes se partilha muito do que se é, mas não absolutamente. algumas pessoas absorvem e trocam, mas por mais que o façam nunca saberão. o medo de se revelar é inútil, porque tudo pode ser forjado. a essência é segredo que não se divide. à parte qualquer julgamento cada um sabe o que é. nisso deve consistir alguma beleza, qualquer uma, daquelas que nem sempre se é capaz de enxergar, que não se faz revelar. existe amor ou não existe amor. existem passos, rotas, caminhos, estrada de tijolos amarelos, todas conduzem à derradeira verdade: somos incapazes. e nossa incapacidade não é um fracasso, é só o que justifica a nós e aos outros. justifica todo o peso no vazio onde as relações se estabelecem. por onde passeiam as palavras, deslizam os olhares, constituem-se as vontades e as não vontades. todas as coisas no mundo, tudo solto e misturado. o amor é um rato que roeu a roupa do rei de roma, é um não sei o que doído, é um exercício de idiotice! no sentido literal da palavra idiota. mudei de estilo. me troco por distração qualquer. palavra rabiscada e reescrita não se apaga, ela estará lá, não volta atrás. e quem aqui quer voltar?

terça-feira, 16 de junho de 2009

para giovanna


ela merece todos os presentes do mundo, embora eu, na minha incompetência não tenha conseguido encontrar algo comprável que eu quisesse oferecer à ela.
ela chupa o dedo e puxa as maria-chiquinhas, resmunga e já demonstra ser temperamental. de família, só pode. ela canta junto com o rádio quando andamos de carro. ela se mete na conversa alheia e é cheia de palpites. ou deve ser, pelo jeitinho que grita e pede atenção. ela é delicada nos seus gestos e dança engraçado, ela ri para o gato, cobre o rosto com as mãos, faz biquinho pra assoprar e eu me derreto porque ela é a minha menina. a cada dia seus olhos vão ficando mais atentos, seus traços se acentuam, o mundo se desenrola a sua volta e ela o contempla, o descobre e já o enfrenta. esse mundo não será mais o mesmo quando ela puder entende-lo. ela saberá até onde ir com seus passos. dos primeiros, os próximos, todos que virão. é bom tê-la nesse mundo. seus olhos pequenos, seu riso, seu sono, seus anos que inevitavelmente virão e farão dela qualquer coisa que não se pode prever. por esse primeiro ano e pelo por vir. minha flor de cerejeira. minha pequena.

domingo, 14 de junho de 2009

enquete:

na sua opinião, deus:

[ ] é um cara gozador
[ ] é um cara brincalhão
[ ] é um fanfarrão
[ ] é um piadista
[ ] passa o dia todo penteando a barba. é muito vaidoso ele.










nota mental:
'agora que sou puta você quer falar de amor'
pega mal por isso no twitter?

sábado, 13 de junho de 2009

cuidado:

distorcer a história provoca torcicolo mental!









ficadica!

terça-feira, 9 de junho de 2009

deve ser legal ser deus

ser a personificação da verdade absoluta deve ser emocionante.

domingo, 7 de junho de 2009

passeio

negou-se. ainda era dia. e seria pra sempre um dia de sol quente, que arde no lombo. não queria se lembrar dos seios à mostra, dos olhos que a olhava, de como, conscientemente se virou de lado e dormiu um sono que não se dorme quando há um corpo colado ao seu.

a vista recuou ao excesso de luz. o mundo era álcool e nicotina e ela era só mais uma vadia, semi-nua, numa cama que não era a dela. não queria calçar as botas porque estava calor. saiu descalça, despenteada e silenciosamente. o concreto das calçadas queimavam seu pé, mas ela não se importou. nem com o chorume que escorria dos sacos plásticos, nem com o miserável que lhe estendeu uma mão na esperança de uma moeda: dinheiro não tem, tio. fica com essas botas! se conseguir cinco contos nela, tá no lucro!

dia eterno. sol que teima em não se pôr e dar espaço pra escuridão, onde qualquer duas ou três doses e um baseado transforma qualquer filho da puta em uma trepada em potencial.

ela pagou a passagem com nota de vinte e se sentou no último banco do ônibus. algumas fileiras à frente uma perna masculina agitava-se ansiosamente. é ele.

'ainda vou me casar com ele. juro que vou.'