sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

óptica

toda vida evitei espelhos. mal me olho nos olhos enquanto escovo os dentes. tenho um medo que de dentro do vidro eu me sussurre palavras, me diga coisas.

no silêncio me vejo sozinha, mas ainda ouço a água distante... correr. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

os olhos dele brilharam numa curiosidade alegre e desde aquele dia eu não deixei de pensar no seu olhar...

sábado, 6 de dezembro de 2014

sempre que vou ainda fico.

sábado, 22 de novembro de 2014

tinha o hábito de visitar sonhos. metia-se devagarinho pela orelha ou pelas narinas, vez em quando entrava pela boca, mas só se o dormente tivesse uma boca bonita, daí aproveitava para beijar. e lá dentro do sonho de alguém ela o fazia sofrer.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

sobre ir embora. sobre ficar um pouco mais.

isso aqui sempre foi sobre mim, sobre mim e sobre jogos que eu não sei jogar. eu quis parar porque mudei meu status para bem resolvida e tava afim de alguma coisa pra abandonar. não posso abrir a porta do carro e jogar o gato no meio da rua, na verdade até posso mas isso já está num filme e imitar filmes  é cafona e ser cafona não tem nada de charmoso depois de trinta e ai de mim que nem sou bonita perder o charme e a doçura.  ficarei com o gato e ficarei com meu be também porque o que transita entre nós três chamamos amor e acho que ficarei por aqui mais um pouco, mas já cansei de me desmanchar em porquês, apenas ficarei como alguém que nada melhor tem a dizer.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

meu bloguinho querido...

!!!!!

eu só queria que o excesso de pontuação não me comesse um rim na forma de ciúmes.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

já fiz as malas

só me falta ir.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

desenterrar caixas, trocar as ideias de lugar. já é tempo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

pergunta: baseado no quê você formulou essa afirmação?

resposta: baseado na minha vontade de que as coisas sejam exatamente como eu quero vê-las.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

sobre rebeca:

"não era estranho seu hermetismo. embora parecesse expansiva e cordial tinha um temperamento solitário e um coração impenetrável" 

confiar

é o que fazem os amigos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

será que foi o frio?

que fez o amor ficar assim, todo encabulado?

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

num dia leio a caras, no outro a piauí.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

coisas que não deixarei para o mundo:

filhos e cabelos

segunda-feira, 21 de julho de 2014

interessante como as pessoas se comportam.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

miopia sexy

- posso apagar a luz?

- pode. eu não vou enxergar nada mesmo.

fui eu

"... pegou um táxi, entrou, sumiu, deixou um resto de mim no chão"
campinas é tão cafona com suas placas marrons turísticas.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

que hora é essa?

as horas são duas e meia
o sol brilha lá fora
acabou a droga
acabou a copa

segunda-feira, 7 de julho de 2014

victorinox

já estava completando o terceiro imenso quarteirão, mas ela continuou caminhando porque o moço das frutas disse que por ali havia uma agência do seu banco e ela precisava desbloquear o maldito cartão se quisesse comprar uma coxinha e um guaraná e fazer deles seu almoço. o estômago doía mas nada incomodava mais do que andar por um lugar desconhecido a procura de algo que muito se necessita. 

era uma bela tarde, numa pequena praça um debilóide babava sentado num banco ao sol enquanto uma mulher limpava sua boca com uma fralda, crianças brincavam perto de suas mães distraídas. 

ela virou mais uma esquina na esperança de caminhar pela rua certa, mas era uma rua de casas, não parecia haver banco por ali. ela sentiu quando lentamente um veículo se aproximou atrás de si, o motorista passou a dirigir lentamente numa velocidade que acompanhava seus passos. ela não teve tempo de acreditar que o sujeito também estava perdido e queria apenas uma informação sobre o caminho, quando ela mirou na direção do carro o vidro do seu lado estava aberto e um homem branco ao volante se masturbava. 

'tarado filho da puta'

lá da praça o retardado se agitou ao ouvir o barulho de um carro cantando pneu enquanto acelerava para longe, a mulher segurou-lhe pelo braço ao mesmo tempo que um fio de saliva escorreu no seu colo.

ela continuou caminhando e enquanto limpava no jeans a lâmina victorinox do canivete que ganhou no seu aniversário de quatorze anos, seu estômago doía ainda mais de nojo do que de fome. pensei ter visto uma lágrima, mas seus olhos apenas brilhavam e era de raiva.    

hoje a noite ao menos um canalha terá dificuldades para dormir com o bucho furado.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

quinta-feira, 3 de julho de 2014

a abstinência revela a escrotidão.

terça-feira, 17 de junho de 2014

campo incerto

onde semeio meus afetos.
eu gosto de viver porque sei que algo incrível e banal a qualquer hora pode acontecer e de fato todas as coisas estão acontecendo. você me entrega uma pedra pequena que eu não coloco na boca por medo de engolir, mas a minha boca saliva querendo o gosto da pedra. ela que ainda é bebê diz pela primeira vez o meu nome, logo eu fico achando que o mundo é uma imensidão bonita. basta uma palavra vinda do outro travesseiro e dobro-me sobre mim num abraço vazio do seu carinho. minhas pernas estão nuas mas você esquenta os meus pés. 

domingo, 18 de maio de 2014

pirotecnia

não dá pra explodir de felicidade todo dia.

terça-feira, 13 de maio de 2014

tudo de gato

aos sete fui pela primeira vez mãe de um gato. o adotei na cadeia e chamei príncipe negro porque era preto. príncipe foi atropelado por um carro em frente de casa numa de suas saídas para brigar. ficou mal um tempo, sangrou na cama de carla (ela nunca mais suportou felinos) e morreu jovem. foi enterrado num terreno de praça, bem perto de onde ficava o aterro sanitário.  

domingo, 20 de abril de 2014

o pior de mim

eu sofro por ser ele a ter que lidar com o meu lado mais difícil. 

daí eu me desfaço em uma confissão, eu anuncio o desastra por vir e ele diz que já sabia, que antecipar alivia mas não evita. daí sofremos juntos nessa imersão.

antes de respirar novamente eu já me sinto: profundamente amada e somos nós novamente.  


sábado, 5 de abril de 2014

tenho na vida as pessoas que mereço ter. reconheço meus erros, inclusive os que não cometi. reconheço porque não compete a mim controlar como o que sou e como me movimento atinge os outros. admito minhas posturas: não necessito do público para afirmar as demandas do privado. não nego as aparências, sequer disfarço as evidências, viver é a minha fatalidade e vivo só. o que não deslegitima os meus afetos: há muito amor nos meus gestos, não me permito desgrudar meu traseiro senão por ganas minhas.  mas em algum canto desta escuridão, dentro de alguma caixa enterrada serei sempre só. 

terça-feira, 1 de abril de 2014

eu te amo porque você me faz querer ser alguém melhor.

terça-feira, 25 de março de 2014

simples prazer

cozinhar pra família, servir um prato pra mãe porque é seu aniversário. com bolo de brincadeira (eu quis dizer brigadeiro, mas quando me dei conta preferi deixar assim) cujo primeiro pedaço não foi pra mim, é claro. naquela casa nunca fui a primeira em nada. 

ele não veio, mas telefonou pra falar com a mãe. e trocamos mensagens amorosas até adormecer já que ele não saiu porque muito chove em rio de janeiro e quando chove gostamos de ficar lá bem juntos numa cama de hotel. 

domingo, 16 de março de 2014

pequeno manual do que não mais fazer

1- roer as unhas

2- morder a pele ao redor das unhas

3 - pressionar dolorosamente os dedos contra a palma das mãos

sábado, 8 de março de 2014

"se lembrou de quando era uma criança e de tudo que vivera até ali. e decidiu entrar de vez naquela dança..."

quinta-feira, 6 de março de 2014

afinados

e então eu tive nas minhas mãos o punhado de papéis mais precioso que eu já carreguei. transbordei em amor e tranquilidade ao reconhecer que nos movemos pelos nossos desejos e que estes são tão compatíveis quanto sempre foram. 


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

se cuida-me

combinaram próximo ao prédio dos correios, de onde ele precisou retirar uma encomenda que não fora entregue por conta de uma greve.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

trocaram desilusões na esperança que a dor de outro afagasse o que somente em si faz doer. não há demandas neste breve espaço de tempo denominado presente. não há demandas, o que em si só já me aproxima de um certo alívio.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

odeio por princípio:

trotes universitários e fogos de artifício

domingo, 19 de janeiro de 2014

piuí

eu estremeci e não foi de emoção, é que naquela hora passava o trem e a casa inteira vascolejou-se. ainda assim foi bonito ver a sua mão tremer enquanto repousava sobre a minha.

quatro folhas

foi num sonho que aconteceu: o bulbo, aquele tipo estranho de semente, se abriu e dele brotou um trevinho que cresceu numa rapidez que as plantas não possuem. você que já se foi, mas porque era sonho ainda estava lá, sorriu com desprezo por mim e por essas coisas simplórias e silenciosas que fazem a gente pensar que um dia pode na vida ter um pouco mais de sorte.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

eu te amo

porque acredito que existem formas inegoístas de amar.

sábado, 11 de janeiro de 2014

os meus continuam meus

logo eu que dispenso qualquer atenção tenho por mim quem eu sempre tive. e agora tenho minhocas e por elas me apego à terra, ao meu chão. tenho amores e por eles eu choro e bebo. sigo com as minhas medíocres alegrias, minhas fugas, meus prazeres.

minha idade passou e eu não mudei.