domingo, 28 de novembro de 2010

mesmo sozinho

foi o que tocou no almoço de ontem. a comida ontem estava deliciosa. o almoço de hoje foi pedra misturada com culpa. ontem era nando reis 'não vou ficar pensando se tivesse sido o contrário...' hoje foi pedra virando bicho e me roendo por dentro: aline, o que você fez?

- não sei, coisas.

eu odeio pessoas que insistem cruzar a minha história. eu odeio ainda sentir afeto por pessoas que estão cagando pra mim. eu me odeio profundamente.

'esse silêncio é paz...'

o bicho já comeu minha carne e o meu caráter. amanhã acordarei com um buraco na barriga por onde o bicho saiu enquanto eu dormia. ele me rói de dentro pra fora. pra onde você vai, aline?

- não sei, lugares.

preciso me costurar de ternura. preciso de retalho, de migalhas. porque agir às vezes vem antes do pensar. mas só funciona quando o que resta não são vítimas.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

eu não levei uma tijolada na cabeça

eu já não sei das coisas que te motivam teu ficar ou teu partir. eu sinto falta daquele velho desejo de apenas permanecer. de quando nos basta sentir o tempo passar.

esse amor tranquilo é o que eu quero. e posso conviver com meus conflitos, com meu desejo de estar quando não estou e de não estar quando o que sou é só espera. não sei conviver com o fato de que nem sempre serei a primeira escolha. será o trabalho, o compromisso, ou uma trégua com os amigos. até que um dia será apenas a não vontade de voltar pra casa. e no outro não sei o que será.

porque sou tola e vivo de expectativa. porque meus devaneios ultrapassam a realidade e me confundem. porque tartarugas, besouros e bebês deixados de barriga para cima não conseguem se movem e ficam agitando braços e perninhas inutilmente, coitados. não posso deixar de pensar tristemente neles assim, tão indefesos.

nem que eu tivesse vivido mil vezes eu não saberia as respostas. mas eu nunca vivi essa vida e eu só queria que você me ajudasse. não é depressão. mas com a proximidade de completar mais uma primavera posso justificar com inferno astral e não mais como tpm como no resto do ano.

eu nunca saberia as respostas, eu só sei perguntar. essa vida me deixa burra e sem inspiração. essa vida é uma droga.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

não vai passar

mesmo se o seu telefone parasse de tocar e o filho da puta que tenta insistentemente falar contigo enfim desistisse de estabelecer diálogo através do seu celular que, por fim, eu desliguei e impedi os outros de me irritarem com o toque polifônico bastante irritante, na minha opinião. foda-se. mesmo assim não passaria, porque de alguma forma eu vou e me deixo ir por caminhos perigosos. eu e as vozes preferidas.

era pra ser uma escrita sobre as peripécias do amor, mas logo na primeira linha está a expressão 'filho da puta' o que, por si só, já destrói qualquer traço de romantismo. se alguma verdade ainda salva eu só posso dizer que não gostaria de sentir. quero dizer, com toda a sinceridade que pode existir nesse meu coração imprestável, que eu queria que passasse.

sair foi a minha fuga. e não poderia existir melhor lugar para uma mulherzinha despeitada ir numa sexta-feira a noite. fui. fiquei pouco. trouxe comida pra casa.

não por acaso a música é a que me faz chorar, trilha sonora do filme que me faz chorar. obra-prima.

se há uma coisa desprovida de qualquer sentido em existir são essas palavras. porque você, onde estiver, está pensando carinhosamente em mim. certamente.