segunda-feira, 27 de junho de 2011

um instante antes de voar

as minhas unhas eu pintei em rosa retrô e elas sobreviveram ao intenso feriado.
a gente sabe que o vento ou o tempo fazem tudo passar e eles dão conta de tudo mesmo, o bom é que nem sempre é triste.

preciso dizer: minha vida está mudando e eu tenho a estranha sensação de que é pra melhor.
ainda caberia aqui um poço de melancolia, todo mundo precisa de um bocado de tristeza pra fazer o seu samba.

eu sei que dos dias aqui passados restará uma doce saudade.

sim, é doce saber que passaram as angústias, assim como as alegrias. o vento não deixa nem um grãozinho preso na palma da mão. pode apertar os dedos com força, não ficará.

é doce porque nos renovam. novos cheiros, novas companhias, uma canção desconhecida pra cantar a dois.  uma nova paixão, muitas novas paixões...

novas e velhas paredes. a certeza de que aquelas também viverão nossa história, assim como essas que deixaremos vazias de nós. as paredes não guardarão absolutamente lembrança alguma. lembranças é a memória que guarda e as nossas ocupam um instante que não é provisório. permanece.

sobre as minhas unhas não há nada que dizer, foi apenas uma jeito meu de começar.

domingo, 12 de junho de 2011

trancada

uma menina trancada num apartamento que fica no 9º andar. um dia inteiro vendo o dia passar pelas janelas, na companhia da certeza de estar sendo esquecida pelos seus, vasculhando pensamentos, memórias, distraindo-se com o comum, com a paisagem já viciada pelos seus olhares. uma rapunzel sem os longos cabelos pra fugir, sem o socorro de príncipe qualquer.

e se houvessem chaves? para onde iria?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

para os dias de folga, o dia dos namorados e todos os outros...

confesso que sinto amor por todas as noites em que te acordo de madrugada pra dizer que o frio me dói e você me leva pra mais perto de si. e eu que nunca mais me enrolei nos cobertores e te deixei com os pés descobertos. enfim, aprendi a partilhar o sono e amo o nosso calor.

e naqueles momentos difíceis eu me aborreço por horas com as demandas da vida e você sempre me ajuda a não enlouquecer, não desistir da faculdade e não assassinar ninguém. com você eu sinto menos falta de ter um gatinho. (saudades do cirilo e da sibel)

minha vida era uma caixa imaginária cheia de trapos, de papéis velhos da quinta série, de fotografias de gente morta, de nicotina, de solidão, de vento balançando as cortinas e bagunçando as minhas idéias. hoje cabem muito mais coisas na minha caixa. eu me livrei de pesos antigos, bati os tapetes, abri as janelas e a minha vida também está cheia de mãos nos meus cabelos, de livros lidos a dois, passeios de bicicleta, lábios na minha pele. meus dias têm beijos ao despertar, beijos no elevador, na fila do supermercado, do cinema, ou outra fila qualquer... sempre sobra um beijo, outro e mais outro.

tem dias que sou tempestade, tem dias que ele é tanto silêncio que às vezes eu quase odeio. nos equilibramos entre as minhas infantilidades e as coisas que ele sempre esquece. entre meus gibis espalhados e essas poucas paredes que nos assistem.

um amor de calma e paixão. daqueles que eu sempre quis.