segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ela se foi e eu não entendi o porquê. Estávamos nus e aconchegados como sempre ficávamos, depois de um sexo ótimo como sempre era. Ela deu um último trago e disse qualquer coisa sobre fotografias e prazos e se despediu tão indiferentemente que meu coração gelou. Ela se foi arrastando suas sandálias baixas e nem me deu tempo de achar ridículo o seu andar. Ela caminha tão deselegante, tsc.

Eu fiquei com seu último passo, seu último girar de chaves, seu último palavrão tão registrados que essas meras lembranças materializam a própra pessoa dela.

Eu não a quero todos os momentos, eu não a quero diariamente, eu apenas quero que ela se disponha a satisfazer o meu desejo de tê-la presente até o ponto que eu decida quando pegar o carro e deixá-la em casa, ou sair eu para uma tarefa qualquer, existente ou não. Uma decisão que sempre foi minha e ter o controle me fazia seguro.

Mas hoje, foi ela que fez valer suas vontades, levantou-se, saiu e me deixou ainda desejoso da sua companhia, do seu riso alto, das suas unhas nas minhas costas. Ainda não decifrei o significado de sua atitude, mas desconfio que isso quer dizer que ela é quem irá escolher quando voltar e me vem um presságio de que ventos novos começam a soprar e a mudar as coisas de lugar. Novidades não me assutam, mas ela mexe comigo de forma curiosa, sinto desejo de retomar o controle pela força. Mas ela me deu um último olhar com olhos dóceis, como na primeira vez que ela disse que me amava e eu precisei de duas semanas para processar e retribuir. Ela me mirou docemente e eu desisti de força-la a ficar. E que bom que ela se foi, porque de alguma forma ela sempre volta, e volta melhor.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

quando de madrugada eu giro a chave e ainda sem sono me vem uma certa sensação de vantagem. os que dormem estão sempre em condição mais frágil. desconcerto o silêncio com amenidades sobre o meu dia, sobre a minha noite, sobre a minha vida. entre frases desconexas de quem não pretende acordar ele só pede que eu chegue mais perto. me embalo no calor da cama e do corpo dele, pego carona no seu sono e vou para longe, pra dentro de mim.