terça-feira, 22 de setembro de 2015

vespertina

aproximo minha cadeira da janela para assim ser tocada pelo sol. não me incomoda o calor, troco os óculos, levanto a blusa e acendo um cigarro usando fósforos de uma caixa que encontrei esquecida numa gaveta. 

tem semanas que não fumo. não sei quantas, algumas, não conto o tempo. me deixo tomar pelo enjoo da fumaça, fecho os olhos, quero viajar, de careta não dá. me envolvo em meu silêncio, ao longe ouço os motores dos carros, ouço as árvores conversando. 

acaba o meu trago, o telefone toca. acaba a minha paz.  

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

quem dera que se cumprisse o desejo do meu coração

(jó 6:8)



aquele dia em que a bíblia tem mais poesia que a vida

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

eu prefiro assumir a minha fraqueza

do que mentir pra você.

sábado, 12 de setembro de 2015

o último gole

a luz da manhã me desperta mesmo com as janelas fechadas e nessas horas eu ainda te toco com desejo porque gosto do calor do teu sono.

sentamos num mesmo bar como se fosse a vez primeira. te conto uma história infame, argumento com pouca convicção e você ainda sorri um riso natural e melhora a minha retórica. você ainda bebe o meu último gole, aquele que mantenho por capricho no fundo do copo.

o copo em que se bebe nunca deve permanecer vazio. em mim transbordou.