quinta-feira, 29 de abril de 2010

pelo simples consolo, ainda que distante, de te saber existente e convivermos

quarta-feira, 28 de abril de 2010

mais tarde...

sempre que eu o leio desconfio que existem segredos nas suas asas que eu não sou capaz de registrar, embora estejam evidentemente estampados. ele sempre vem com as mãos carregadas de memórias nossas e não são memórias qualquer, serão sempre doces lembranças, das quais nós nunca precisamos esperar que virassem passado ou nos enchesse de saudades para que víssemos beleza nelas. são belas desde quando foram presente e assim permanecem enquanto são passado e lembrança.

Ele as mantém entre seus dedos e sempre que as dispersa é com doçura e calor. eu, embora relutante, guardei-as numa caixa bonita, para que sejam cada vez mais minhas. sempre que ele brinca com elas desde lá, aqui dentro a minha caixinha se abre e o dia fica mais quente. o calor é a sensação mais aconchegante que existe.

a gente é os lugares por onde a gente caminha, cada passo a frente significa um caminho mais amplo e mais coisas que registramos e que nos constituem. e ele, como ninguém, sabe por onde deixar seus passos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

adoro quando os sentimentos oscilam e vão da paixão ao desespero, da mágoa ao afeto, do prazer à dor. adoro saber que estando eu viva tudo muda e que mesmo o meu amor sendo honesto, às vezes entra em conflito com a verdade, é mutável e inconstante, assim como meu humor. porém sempre será o amor meu melhor lado. confesso que sou completamente apaixonada pelo que há de mais imprevisível e surpreendente. apaixonadamente sigo procurando encanto nos acasos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

hoje eu sei a falta que faz. o abandono não significa que tudo por aqui perdeu o meu amor e não é à toa que eu guardo tudo pra mim. tentar recomeçar me parece um tanto forçado, mas é fato que as coisas podem principiar ou se acabar a qualquer momento. posso fazer disso uma regra, ou simplesmente continuar.

hoje eu deveria ter coisas importantes para fazer. mas no meio desse dia cinza fodido eu vi uma nuvem cor-de-rosa e agora eu não tenho mais medo de o encanto não existir. ele existe. e em mim ele está em lembrança de areia quente, de asfalto e muitos passos, na memória de conversas longas e confusas. e ele não há de se desfazer, pois de tudo é só o encanto que eu quero guardar. o que for efêmero eu deixo pra lá.

quem sabe um dia eu não entro num avião e vou espalhar meus ais em outra freguesia. eu queria mesmo era ser livre de mim mesma. ser tão segura quanto eu tento ser. poder ir embora antes de ser decepcionante. quem pouco me conhece deveria dar-se por satisfeito. eu mudei a cor dos meus cabelos e agora eles não combinam com a minha pele. meu irmão disse pra eu tomar um sol que melhora. mas aqui nem tem praia e eu não frequento clubes. pena.

sinto saudades da minha casa. sinto falta das minhas coisas espalhadas. me culpo por ser estúpida e impulsiva. mas não me culpo por ter acreditado no amor. e se não agora, um dia eu terei com quem dividir o que eu guardei pra você, bebê.

às vezes eu queria que as coisas ficassem estáveis pelo menos por algum tempo, não muito. mas tudo insiste em mudar. é bom, mas não é fácil.

domingo, 4 de abril de 2010

sobre o amor próprio e a inexistência

Só o que existe é a incrível capacidade de se diminuir. Claro, porque o mundo e a natureza e as circunstâncias e deus não te fizeram bom o suficiente para cativar, comover, merecer.

Tudo parece ser superior, embora beire a cretinice de tão comum. Não há beleza demais, nem gestos, nem roupas que eu gostaria de ter, nem coisas que eu gostaria de ser. é sem-graça e destemperada. é tudo normal, mas por um instante parece tão maior, tão mais bonito, tão mais perfeito, tão mais envolvente e interessante. Daí bate aquela sensação de coisa pequena, de falta de virtudes, de falta de beleza. O carro que não se tem, a universidade que não frequentou, os lugares que não visitou, as línguas que não falou, as coisas que não se proporciona.

e quando uma única circunstância coloca a possibilidade de ser humilhantemente desgraçada, você enxerga como a única chance de se sentir maior, mais segura, a dona da situação. a única chance de sair do abismo que é pensar e sentir.

Eu sei, você sabe, se não fosse intensa eu nem sentiria. Se as minhas razões não fossem sentimentais já estaríamos fodendo muito por aí. Mas quando eu sinto me dói de tal maneira, quando as portas se fecham, quando as palavras se calam, quando minha cabeça pende e encosta num vidro engordurado qualquer de um coletivo imundo, eu só consigo sentir dor. A dor de um passado que me pesa, de um presente que eu não controlo e não dou conta e de um futuro sem perspectivas além de nós dois.

eu poderia e acho que deveria te escrever num papel de carta, numa folha bonita, com adesivos de ursinho que compramos juntos. mas o desespero é meu e a decepção é tudo que eu posso causar. Sou a não superação de expectativas. Sou o contrário das expectativas. Sou um desastre literário e só você me lê.

obrigada.