quarta-feira, 13 de agosto de 2008

arte de adiar

é o sentimento que me toma hoje.
olho para as caixas, para os armários, para as coisas espalhadas pela cama. ao final, só precisarei afastar tudo para o chão se quiser me deitar e dormir.
mudança: o que levarei? o que ficará? o que descarto? o que é realmente necessário e quantas coisas que eu jurei um dia que seriam úteis, que faria uso continuam esquecidas entre tantas outras.
cadernos, bloquinhos de post-it, alguns versos espalhados, desenhos, bilhetes trocados. dói no coração desfazer deles. um dia ainda dividirei com o mundo todas as sentimentalidades perdidas nos rodapés dos cadernos e dos textos 'xerocados'. tempos de faculdade. uma tempestade de informações desfilando a minha frente todas as noites, aquelas vozes que diziam coisas que deveriam me importar, e eu no meu lugar, apontando compulsivamente meu lápis (chegava a ser dois ou três por semana), escrevendo cartinhas, fazendo caricaturas bizarras da professora.

enfim. cada coisa que agora movo de lugar me remete a algo que passou ou que não aconteceu.

fotos. muitas. rostos presos em três por quatro. ah, a polaroid! mais de dez anos atrás. os álbuns que eu jurei pôr em ordem há tempos.

sapatos. sequer tenho ocasião pra usá-los. lindos e desnecessários. guardados dentro das caixas, desde o meu último dia de 'quase assistente social'.

os gibis, os vhs da videoteca da folha de são paulo. os dvd's dos cavaleiros do zodíaco. quanto apego eu já não tive a essas coisas. ainda me lembro da aline pela casa: quem pegou a edição 207 do cebolinha??? mãe, tem uma história lá que é continuação de outra que está na edição 180!!! vou matar se sumirem com meu gibi!!! hoje são só papéis que eu nem me lembro a ultima vez que me estiquei no sofá com a caixa de gibis do lado.

os dias vão passando. e mais uma vez vou por aí procurando o meu lugar... amanhã eu me mudo. ou sábado. ou na próxima semana. enquanto posso sigo adiando... sim, eu gosto da minha casa. não, eu não queria me mudar. continuo naquela auto-sabotagem. caixas, caixas, caixas. coisas que vão pro lixo, coisas que permanecem. como tudo nessa vida.

nostalgia excessiva. respiro fundo, vou pro mundo!

'vamos não olhar pra trás e olhar pra frente!'