quinta-feira, 14 de agosto de 2008

só ando

'aline, por que você anda assim, tão arredia, tão arisca?'

'não sei. só ando'

uma única cerveja numa quinta-feira a tarde. acompanhada daqueles amendoins apimentados, com casquinha vermelha. sozinha num boteco mal visto, com cheiro de churrasquinho de gato.

eu, me divertindo com as pessoas que olhavam de dentro dos carros que passavam. aquele olhar repetido. olha e automáticamente olha de novo. uma garota de shorts e chinelos tomando cerveja sozinha com aquele vento todo.

um velho gordo e barbudo pára o carro, entra no bar e sai com quatro maços de cigarros.

'você embeleza o nosso bar!'

'obrigada!'

'você vem sempre aqui?'

'às vezes, eu moro ali na rua de cima...'

acendo um cigarro. dos meus, não dos do velho!

uma patética sensação de transgressão me toma conta! é como se minha conduta fosse uma ofensa ao mundo! uma afronta!

idiota! sua vida despencando e você no boteco sujo da esquina tomando cerveja com amendoim e fumando! você só fuma quando quer irritar alguém!

bingo!

besteira qualquer... eu sou ridícula...