terça-feira, 30 de junho de 2020

continuo perdida nesse afastamento real. fujo das notícias, tenho lido muito pouco desde a dissertação. penso em escrever, mas como, sem ler? como, sem ouvir as pessoas?

toda escrita é uma versão de histórias lidas e ouvidas. ou vividas, mas dessas eu não quero saber.

tem sido difícil viver uma segunda quarentena. passei dias recolhida cuidando da minha loucura e agora estou sozinha pra não contrair a loucura do mundo.

tento me reconectar às pessoas, amplio meus interesses, me movo sem sair do lugar. canto pela casa, mas o que eu quero é horizonte.

e se tudo ainda não voltou, quiçá nunca voltará

segunda-feira, 25 de maio de 2020

para onde foram os dias quando ainda contávamos o calendário? tantos que se vão desse mundo doente e o mal ainda existe.

como nos perderemos nas horas, se o tempo já não vaga certo? alguém partiu e eu não esperava. fiquei sem a tua despedida.

todos em perplexo silêncio. um sentimento arterial que não se pronuncia. um peito aberto no deserto.

eu continuo a verter palavras sem voz, meu rio particular de correnteza seca

sábado, 14 de março de 2020

pronta e vazia

não é fácil sumir quando a intenção é sempre atingir alguém. eu engoli um passarinho mas não aprendi a cantar e nem ganhei asas. me amei um pouco sozinha e fui capaz de escrever o que alguém queria ler. me restaram notas breves, os fragmentos de emoção que não posso conter: penso alto.

o silêncio foi o verbo, e quando eu estava pronta pude sentir queo tempo esvaziou. eu fiquei sozinha aqui, com as notas que levo no bolso misturadas com listas de compra e bilhetes que faço pra lembrar que aqui é o nosso lugar.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

corre corre

toda escolha é uma renúncia, afinal

sexta-feira, 29 de março de 2019

ainda espero...

resposta

que nem maré

entre te conhecer e a decepção existe um mundo nosso onde a única resposta pra "vc me amou?" é: 

- MUITO 

domingo, 24 de junho de 2018

virtudes silenciosas

Eu gosto de responder que estou tranquila, quando me perguntam como vai a vida, mas quase sempre tudo é intranquilo: as coisas da vida e eu também. 

Eu tentei contar o tempo. Não o que passou, contei o tempo que me resta. As projeções são angustiantes e cada dia parece um horizonte de utopias se afastando de mim e eu me sinto exausta demais pra reivindicar Galeano enquanto a memória da minha mãe começa a falhar. 

Todos os dias pergunto a ela como está se sentindo e a cada dia ela responde coisas entre: "hoje não estou muito bem" e "um pouco melhor" mas a verdade é que ela nunca diz "tudo bem". Porque nunca está.

o som da voz dela vai nos deixando aos poucos, e eu tenho medo de que consigo também se perca a presença.

não existe nada no mundo capaz de mudar o fato de que eu te amo