domingo, 17 de junho de 2018

um teto todo nosso

eu queria celebrar. se passaram dez anos, eu queria dizer "parabéns pra nós" e levantar meu copo. ele ainda estaria ali.

não era uma cabana pelo caminho. eu era eu mesma, sabia onde estava e estava em casa. 

na partida ele não chorou. me disse que as palavras eram bonitas demais e não as merecia e eu só senti tristeza na sua voz: 

- então, vá! pode dormir com ele se é o que quer. 

eu fui. intimamente me sentindo um cão envergonhado, porém bonita e perfumada. de vestido vermelho e soltinho. a noite fresca arrepiou minha pele, sem meias nem combinação. eu tinha pele à mostra quando nos encontramos e ele tinha duas amigas. 

mulheres e comida, mulheres com fome e eu só de vestidinho resolvendo problema de comida. 

as minhas pernas estavam quase congelando quando chegaram as minhas amigas, alguém me emprestou um lenço, mas meu tesão já ia abaixo de zero quando ele se foi, feito um amigo gay, colocar as meninas pra deitar.

tomei mais duas cervejas ainda, na volta pra casa ainda parei e comi um temaki. péssima escolha, comida gelada da porra. 

em casa, ele desperta brevemente: 

- gata... e aí?

- ele não me quis...