quinta-feira, 12 de março de 2009

águas de março

'é pau. é pedra. é o fim do caminho
é um resto de toco. é um pouco sozinho
é um caco de vidro. é a vida. é o sol
é a noite. é a morte. é um laço. é o anzol

é peroba do campo. é o nó da madeira
caingá, candeia. é o matita pereira
é madeira de vento, tombo da ribanceira
é o mistério profundo. é um queira ou não queira

é o vento ventando. é o fim da ladeira
é a viga. é o vão, festa da cumeeira
é a chuva chovendo. é conversa ribeira
das águas de março é o fim da canseira

é o pé. é o chão. é a marcha estradeira
passarinho na mão, pedra de atiradeira
é uma ave no céu. é uma ave no chão
é um regato. é uma fonte. é um pedaço de pão

é o fundo do poço. é o fim do caminho
no rosto o desgosto. é um pouco sozinho
é um estrepe. é um prego. é uma ponta. é um ponto
é um pingo pingando. é uma conta. é um conto

é um peixe. é um gesto. é uma prata brilhando
é a luz da manhã. é o tijolo chegando
é a lenha. é o dia. é o fim da picada
é a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

é o projeto da casa. é o corpo na cama
é o carro enguiçado. é a lama, é a lama
é um passo. é uma ponte. é um sapo. é uma rã
é um resto de mato na luz da manhã

são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

é uma cobra. é um pau! é joão. é josé
é um espinho na mão. é um corte no pé

são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

é pau. é pedra. é o fim do caminho
é um resto de toco. é um pouco sozinho
é um passo. é uma ponte. é um sapo. é uma rã
é um belo horizonte. é uma febre terçã

são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração'