quinta-feira, 12 de março de 2009

pai, eu que te escrevi tantas coisas, assim só por distração. você sabe como eu me sinto ridícula por isso, mas é que por vezes me esqueço de lembrar das coisas que você me ensinou. de nunca me sentir sem valor, de sempre saber rir e fazer a vida mais leve. às vezes me abandona aquela sensação de alegria e liberdade de quando você me rodava e rodava, às vezes ela se vai de mim.

em você que eu nunca vi tristeza, mas que existia, hoje eu sei. mas sempre com sorrisos você me recebia, mesmo na última vez e você sabia bem que era a última. você sabia como ninguém. disse pra eu sempre cuidar das nossas plantas, mas eu não o fiz, pai. elas não tinham razão sem você. mas tatuei em mim a sua flor preferida.

espero que sempre me perdoe por eu ser essa filha toda errada, da qual você não sentiria nenhum orgulho, hoje. às vezes penso que é bom que não está aqui pra me ver... me perdoe por isso também.

não que eu sinta sua falta, mas nossa vida era tão mais fácil quando minha única preocupação era levar o xuxo pra passear e rir de você jogando ele no lago pra que ele nadasse todo molhado até onde estávamos. seria bom voltar.

não pense que estou te julgando, nunca faria assim. você soube ter coragem, chérrie! mais que qualquer outro. a vida sem você mudou tanto que não acredito mais que um dia a gente possa se abraçar de novo, quando eu me for desse mundo. mas também não duvido que aconteça.