quarta-feira, 22 de abril de 2009

são essas coisas que me despertam sentimentos hostis. essa vaidade exagerada, disfarçada de despretenciosidade. eu admiro os fantasmas, que vagam sem ser notados, que emprestam suas idéias a outros e muito mais os que se escondem em outros nomes. acredito que pensamento nenhum, que após transcrito ou verbalizado seja propriedade de seu autor. ao contrário, muito mais de quem o ouve, lê e sente da forma como lhe couber. ou não. muito fácil expressar coisas que não querem dizer nada. por isso os poetas morrerão de fome. ninguém vive de poesia! no máximo o poeta será suficientemente convincente para comover e com muita sorte comer alguém!

eu não desisti das palavras, eu não me entreguei por paixão. não me troquei por uma idéia formada, não me esforço em parecer com nada. nem em ser diferente de nada. não vou expor meus conflitos. não encontro espaço pra eles sequer em mim. não impressiono nem uma pedra de calçada. e não me mostro pra causar impressões. antes fosse inerente o desejo de ser só minha, de abrir mão das tuas mãos.

não me dói a despedida. não me causa aflição a chegada. um poço sem sensações. um vaso sem flor. em tantas camas que me deito, em tanto calor que partilho, não me resta senão as palavras, para esquecer o dito e o não dito.