segunda-feira, 28 de julho de 2008

quem me visse a escrever assim, impulsiva e descontroladamente, pensaria que eu tenho algo relevante a dizer. quem me visse debruçada sobre essas folhas brancas, na semi claridade estragando as vistas, consumindo mais nicotina que o habitual, enquanto um mundo inteiro de coisas pendente grita e me solicita, pensaria que eu me entreguei àquela velha melancolia.

mas não. ela apenas me pesa um pouco mais, mas logo ela abranda e voltamos a seguir juntas e sem incômodos mútuos. logo seremossó nós duas, num espaço bem limitado, como num confinamento, ou num casamento.

talvez ela se desagarre de mim. mas não estou certa disso, uma vez que ela, com aquele seus olhos de tristeza, me encanta e sem ela talvez eu não tenha rumo nessa vida. então eu deixo que ela fique. esticada no sofá, entre as roupas no armário, ela se mistura com o cheiro de saudade e café. e o cheiro fica assim: café com saudade e melancolia. ah, e um pouquinho de açúcar mascavo, que deixa tudo doce e com gostinho de rapadura. e eu gosto. quase tanto quanto gosto de ti. talvez um pouco mais.