sexta-feira, 30 de maio de 2008

todo tempo do mundo

seguem-se lentos os dias e as horas
seguem-se calmos os meses e os anos
o tempo tem seu próprio tempo
o tempo se desenha uma marca em meu rosto
não se incomoda com minha espera
não se perturba com minhas unhas roídas
faz que não me nota
eu, distraindo-me com minhas agulhas
o tempo caprichoso passeia entre os móveis
espanando a poeira da paciência
não se comove com as flores já secas
já não pondera
divide comigo o sofá e mais um cigarro

e eu disfarço, faço um charme
como mais um bombom
troco de canal, troco a pilha do relógio

eu e o tempo

o tempo e minha espera

quanto tempo ainda pra mim?
o tempo não tráz o vento que tráz a minha sorte
o tempo se faz de curto mas é imenso e eterno
me acompanha mas não me guia
seguimos no vazio
se me perco ele me encontra
sempre
e não me deixa esquecer
se faz memória, me tráz lembrança
o tempo segue
eu sigo
como quem vive um tempo
e se morre no outro