quarta-feira, 12 de novembro de 2008

não é necessário fechar os olhos
se somos assim tão capazes
de enxergar na escuridão
repousamos no nosso silêncio
cheio de palavras não ditas
as minhas, presas ao meu medo
em parecer cheias de apego
das tuas, não sei se saberei

a minha recusa não quis dizer não
talvez tenha sido ela
que me despertou do sono leve
me trouxe para o que é meu
onde me protejo e não me divido
onde disfarço meus impulsos em fazê-lo

o meu conforto é o segredo:
o encanto está no momento
em cada um deles
nos que preenchemos cada espaço
como se feitos sob medida

minhas razões insistem
e eu sigo justificando coisa qualquer
olho o chão. prefiro não ver
teus passos se perderem

apenas me esforçarei por não esquecer
dos momentos que nos constituem
no submundo dos imperfeitos e mal falados
onde me espalho fácil e não me emendo

não me perturba o calor em excesso ou a falta dele
me pertuba o passar, passar das horas