domingo, 26 de outubro de 2008

antes fosse

antes fosse tudo verdade e tudo por aqui fosse de fato quente, colorido e musical. hoje só me acompanha o silêncio. silêncio demais. daquele que preenche todos os espaços e não sobra espaço pra nem uma canção. o mais assustador é que demorei pra me dar conta dele. só percebi o silêncio que dançava entre meus pensamentos e o resto do mundo quando veio da janela entreaberta o som de crianças brincando de bola lá fora. daí veio de mim um ruído de voz e eu me lembrei 'não pronunciei palavra hoje'. nada se verbalizou. como que teimosamente, voltei aos livros e li tudo em voz alta. a voz saiu de mim desafinada e sem sentido propagando-se no vazio de mais um dia só. mas espantou pra longe a onda do silêncio que me afogava. encheu o quarto de vibrações sonoras e fiquei feliz por ouvir minha própria voz.

quase sempre eu não enxergo, só quando me toma de assalto aquela velha nostalgia. algumas coisas por aqui ainda são belas. e se não são agora, serão. e a beleza que visita essa minha casa é daquelas que faz coração apertar. daquelas que espalha a saudade quase que sem motivo.

saudades de tudo. até das tempetades. saudades do teu abraço, chérie. e ela não vem sozinha, traz consigo a angústia em te esperar, tua não chegada. minha recusa em ver-te partir. vem acompanhada do parênteses em que vivi coisas que não me lembro e não me esqueço. a fé nessa vida, que voltou um dia não sei como nem de onde. essa vida que tomei as rédeas ainda que sem um rumo. mas que segue e é por você!

as coisas belas que restaram é a minha insistência em lembrar de ti todos os dias e é a tua insistência em repousar dentro dos meus olhos cada vez que eles se fecham. todas as palavras que me constituem são tuas.