quarta-feira, 15 de outubro de 2008

me encontra

o tempo vai passando como sempre, na mesma pressa de sempre. eu não tenho perna pra acompanhá-lo. vou um pouco atrás. tem hora que acelero o passo pra gente caminhar lado a lado. às vezes no caminho aparece uma flor. e elas são tão raras. ou uma borboleta, ou uma nuvem baixa e eu paro um instante. e ele lá de longe, já fazendo a curva me pede pra acelerar. tudo bem, vai indo que eu já te alcanço!

um dia, ele distraiu-se também, e esqueceu de me mandar correr. eu fiquei pra trás. quando me dei conta, tentei alcançá-lo e quando o fiz já não era o tempo. dei de cara comigo mesma! como que sem acreditar pisquei e olhei novamente. sim, era eu! e todos os dias que eu vivi passeavam dentro daqueles olhos que eram meus, mas não estavam grudados na minha cara.

desdenhei por um momento: é uma cópia falsificada e mal feita. some daqui!

mas eu ali permaneci. baixei os olhos, mirei o chão, em minha companhia queria ficar. senti empatia naquele meu gesto. era tão meu. só poderia ser eu mesma. sorri pra mim, percebendo retribui o meu sorriso. ficamos ali, eu e eu. sorrindo uma para a outra. e era uma alegria que nos invadiu. porque não éramos espelho. éramos duas. e poderíamos ser muitas mais. e descobrimos o encanto.

o encanto é receber um sim como resposta sem ter feito perguntas.