segunda-feira, 20 de outubro de 2008

clichê

sim, eu compreendi tudo que você me disse. cada argumento, todos os seus motivos e como se nunca tivesse acontecido, eu me coloquei no seu lugar. hoje faz uma semana e finalmente o ar parece mais ameno e a sua ausencia é cada vez mais melancólica e menos desesperadora. domingo fui ao cine paradiso, o cine clube que você não gosta. assisti um belo filme e você estava comigo. como da primeira e única vez que fomos lá e você reclamou que as poltronas não eram tão confortáveis e que a sua tevê era maior que a tela de projeção. você também reclamou do filme, eu me lembro bem. mas eu não achei ruim. achei graça nas suas queixas. voltei pra casa caminhando e pensando como seria bom caminharmos de mãos dadas numa noite quente como aquela. eu senti que amo muito a sua presença. eu não sei o que move o mundo, desconfio que seja uma magia qualquer de deus. e deve ter um calorzinho como o teu nela.

enquanto se seguem esses dias lentos e iguais, tento buscar dentro de mim as respostas que antes eu buscava em você. como as coisas que eu nunca soube dizer mas você sempre soube entender. e mesmo que eu não consiga me ver quando fecho os olhos, eu consigo te ver. daqui um ano ou dois, colocando um anel de noivado no meu dedo enquanto eu durmo. ou na hora do almoço, tentando comprar o meu bife por um real, por que você já comeu todo o seu. e eu posso imaginar as pessoas que nós seremos e onde nós estaremos. e o meu coração seria sempre o seu lugar. o lugar pra onde você sempre poderá voltar.