sexta-feira, 3 de outubro de 2008

eu não sou poeta. o relógio desperta às cinco e quarenta e cinco com salsa cubana. meu bom humor pra coisas cotidianas é deprimente! a cortina aberta. o sol entra de sola e grita: levanta, vagabundo! já vou. pulo da cama. com o pé esquerdo. na verdade não me lembro se era o esquerdo ou o direito. foram três ou quatro horas de sono sem sonhos. o despertar dos justos. bolei um enquanto passava o café. deixa esse pra mais tarde, pra quando eu precisar dormir. vinte minutos. é o tempo entre a cama e a rua. a cama e o resto do mundo. tranquei a porta e pensei: 'eu bem poderia ter uma rede na sala.' 'mas você não tem uma sala.' 'ah, é verdade. esqueci!'

não sou poeta. eu deveria escrever um livro. deveria alugar uma sobreloja, numa ilha no caribe. qual? qualquer uma. eu só preciso de uma janela, uma máquina de escrever, café, charutos cubanos e eu tenho um romance inteiro aqui dentro da minha cabeça. preciso conferir o resultado da loteria. acho que ganhei. não tenho tempo de comemorar. não posso me atrasar.

transporte coletivo. a hora alegre do dia. ui... olha o traseiro daquela neguinha! ela desce logo do busão, droga! com suas sandálias estilo tamanco carnavalesco. gostosa!

cobrador, vou cochilar. me chama quando for hora de saltar. diabo de vida desinteressante. agora me sento com minhas tarefas e o dia passa. como a banda cantando coisas de amor.

por que eu não nasci poeta?

porque se fosse poeta, você seria muito chato.